Avião solar tenta travessia inédita sobre o Pacífico

Solar Impulse ultrapassa "ponto de não retorno" em viagem de cinco dias entre o Japão e o Havai.

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A saída do avião do aeroporto de Nagoya REUTERS/Kyodo

O avião Solar Impulse 2, que utiliza apenas a energia do sol para voar, ultrapassou o “ponto de não retorno” de uma travessia de cinco dias e cinco noites sobre o Pacífico, entre o Japão e o Havai.

É a oitava fase da volta ao mundo do Solar Impulse, um avião experimental alimentado exclusivamente por 17 mil painéis solares sobre as suas asas e fuselagem. O avião tem a largura de um Boeing 747 mas o peso de um automóvel.

Já há dois meses que o Solar Impulse estava a aguardar uma janela meteorológica favorável para iniciar aquela que é a etapa mais crítica da sua viagem em torno da Terra. O percurso inicial previsto era entre Nanjing, na China, e Kalaeloa, no Havai – num trajecto de 8200 quilómetros. Após algumas semanas de espera na China, o avião partiu de Nanjing dia 31 de Maio, mas as condições meteorológicas deterioraram-se e o Solar Impulse teve de abortar o voo e aterrar no Japão.

A missão idealizada e conduzida pelos pilotos Bertrand Piccard, o primeiro a dar a volta ao mundo sem paragens num balão, e André Borschberg foi retomada este domingo. O avião partiu de Nagoya às 19h03 (hora de Lisboa), com Borchsberg ao comando. Nove horas e meia depois, atingiu um ponto a partir do qual não podia mais fazer meia-volta e regressar ao Japão.  

“Esta é um bilhete só de ida para o Havai. André Borschberg passou o ponto de não retorno e agora tem de ir até ao fim desta viagem de cinco dias e cinco noites”, anunciou o site do projecto, às 4h29 desta segunda-feira.

Para completar a inédita travessia com um avião solar, a aeronave tem de carregar as baterias durante o dia, de modo a poder aguentar-se em voo durante a noite. Com os raios solares a baterem sobre as suas asas, o avião sobe até cerca de 8000 metros de altitude. Sem luz, plana e vai perdendo gradualmente altitude, até que o sol volte a brilhar e forneça energia suficiente para que a aeronave suba novamente.

A grande preocupação das travessias marítimas é a de que o Solar Impulse encontra frentes de mau tempo e não consiga recarregar as baterias. O piloto – há apenas um a bordo em cada fase da viagem – dispõe de um bote salva-vidas e mantimentos para se manter durante vários no mar até ser resgatado, caso a viagem tenha de ser interrompida.

Às 10h desta segunda-feira (hora de Lisboa), o Solar Impulse já tinha percorrido quase 1300 quilómetros. Com a noite a aproximar-se, o avião estava a 22.000 pés de altitude (cerca de 6600 metros), descendo gradualmente, com 98% das baterias carregadas. A sua velocidade: 90 quilómetros por hora.

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