Agência Europeia do Ambiente reconhece problemas nos dados sobre CO2 dos carros

Portugal mantém-se como o terceiro país com carros menos poluentes. Mas agência europeia não sabe até ponto o escândalo da VW irá alterar as conclusões dos seus relatórios.

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Existe já um novo procedimento internacional de testes, mas ainda não há data acordada para a sua introdução na União Europeia. Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A Agência Europeia do Ambiente reconheceu, esta quinta-feira, que os dados da poluição dos carros que publica regularmente podem não reflectir o que sai de facto dos tubos de escape.

Num relatório anual de monitorização, a agência diz que as emissões de CO2 dos automóveis ligeiros de passageiros e comerciais voltou a cair em 2014 e cumpre já as metas definidas para 2015 e 2017. Mas ressalva que os testes feitos em laboratório podem não representar as emissões reais e que ainda não é possível dizer qual o impacto do escândalo da Volkswagen sobre as conclusões dos seus relatórios.

Em Setembro, uma investigação da Agência de Protecção Ambiental norte-americana identificou que a Volkswagen burlara os testes para a emissão de óxidos de azoto (NOx), um principais poluentes dos carros diesel. No computador de bordo dos seus carros, estava instalado um programa que alterava o comportamento do veículo durante os testes, baixando o nível de poluição mas comprometendo o seu desempenho. Depois, o carro voltava ao normal.

A empresa admitiu a fraude, num escândalo sem precedentes na indústria automóvel. Já este mês, a Volkswagen admitiu também irregularidades nas emissões reportadas de CO2, inclusive em modelos destinados à venda em 2016.

O caso abriu a porta a suspeitas antigas sobre a veracidade dos testes aos automóveis. Nos ensaios em laboratório na Europa, os carros são sujeitos a um ciclo de acelerações e desacelerações que simula mal o que se passa na estrada. “Este ciclo permite comparar as emissões dos fabricantes, mas não representa necessariamente as condições reais de condução”, reconhece agora a Agência Europeia do Ambiente, numa nota de esclarecimento no seu relatório.

Existe já um novo procedimento internacional de testes, mas ainda não há data acordada para a sua introdução na União Europeia.

Em Abril, quando publicou os dados preliminares das emissões de CO2 dos automóveis, a Agência Europeia do Ambiente já tinha alertado para eventuais discrepâncias entre os testes e a condução na estrada. Agora, no entanto, foi mais adiante, lançando um ponto de interrogação sobre as suas próprias conclusões.

“Este relatório documenta a informação oficial mais recente submetida pelos Estados-membros e pelos fabricantes de automóveis. Não é, no entanto, possível avaliar neste momento até que ponto dados incorrectos dos fabricantes podem alterar a análise e as conclusões”, refere a agência europeia.

Com os dados que existem, Portugal mantém-se como o terceiro país com os carros que menos emitem CO2, atrás da Holanda e da Grécia. Os ligeiros de passageiros vendidos no país em 2014 emitiam, em média, 108,8 gramas de CO2 por quilómetro rodado. Em 2013, o valor era de 112,2 g/km.

A média europeia, para os veículos ligeiros, foi de 123,4 g/km, 2,6% abaixo do valor do ano anterior. A meta para 2015 era de 130 g/km.

Para os veículos comerciais ligeiros, a meta de 175 g/km para 2017 também já está cumprida: em 2014, o valor estava em 169,1 g/km.

Em 2021, os carros de passageiros não poderão emitir mais do que 95 g/km. Os comerciais têm uma meta de 147 g/km para 2020.

Segundo a Agência Europeia do Ambiente, as marcas que produzem mais carros com baixas emissões são a Renault, Peugeot, Citroen e Toyota.

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