Afinal, Jericho, o irmão do leão Cecil, pode estar vivo

Informações contraditórias sobre destino do irmão de Cecil, leão abatido em Julho. ONG diz que foi morto este sábado. Investigador de Oxford diz que está vivo. Os sinais do GPS de Jericho dão indicações de movimentos normais e pode estar acompanhado por uma fêmea.

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Jericho em pé, tornou-se cuidador dos filhotes de Cecil DR

As notícias da morte de Jericho, o irmão do famoso e malogrado leão Cecil, abatido no mês passado no Zimbabwe por um dentista americano, podem ser manifestamente exageradas. Segundo a Reuters, que cita um investigador da Universidade de Oxford que monitoriza as deslocações de Jericho no Parque Natural de Hwange, o leão de juba preta está bem e parece acompanhado por uma fêmea.

A notícia da morte Jericho foi avançada por inúmeros sites de informação e espalhou-se rapidamente pelas redes sociais. A origem dessa informação é um post publicado na página de Facebook da Zimbabwe Conservation Task Force (ZCTF), que anuncia em letras maiúsculas “Notícia de última hora – Jericho foi abatido às 4pm”. E prossegue: “É com enorme desgosto e tristeza que acabamos de ser informados de que Jericho, o irmão de Cecil, foi morto hoje às 4pm. Estamos absolutamente destroçados. Vamos mantê-los informados assim que tivermos mais detalhes.” Contradizendo esta informação, Brent Stapelkamp, investigador de campo no Hwange Lion Research Project, disse à agência Reuters que Jericho “parece estar vivo e bem”. Outra fonte disse ao jornal inglês Guardian que o animal foi visto ao início do dia com uma fêmea e que "provavelmente estará a acasalar". 

Quando foi contactado pelo correspondente da Reuters, o responsável pela ZCTF, Johnny Rodrigues disse: "Não posso falar consigo hoje, por favor tente amanhã".

Stapelkamp é responsável por monitorizar os movimentos do animal que transporta um GPS. Assim que o post da ZCTF foi divulgado, defensores dos direitos dos animais começaram a expressar a sua fúria pelo (suposto) destino de mais um leão de juba preta no espaço de comentários daquela página e no Twitter. Isto depois de nos últimos dias o caso da morte de Cecil (o animal que era a principal atracção do Parque Natural de Hwange) ter atingido uma escala global.

Ainda segundo Stapelkamp, os sinais do GPS de Jericho dão indicações de movimentos normais e parece acompanhado por uma fêmea. “Quando ouvi essa notícia [da morte de Jericho] liguei o computador os vi que os movimentos dele parecem normais. Ele mandou um posicionamento de GPS do seu colar às 08h06 pm. Parece estar tudo bem”, insistiu Stapelkamp. 

Este sábado, a autoridade que gere os parques naturais do Zimbabwe impôs uma proibição de caça grossa por tempo indeterminado fora dos limites dos parques, para onde Cecil terá sido atraído antes de ser abatido no dia 1 de Julho. 

Mas para além das informações contraditórias acerca da morte de Jericho, há um outro dado que está a lançar a confusão: uma fonte não identificada dos parques naturais do Zimbabwe disse à Reuters que outro leão foi morto ilegalmente por um caçador estrangeiro no dia 3 de Julho. Esta informação não foi confirmada por nenhuma fonte oficial.

Cecil, o mais famoso felino do Zimbabwe

Cecil terá sido morto sido morto no dia 1 de Julho. Foi avistado à noite, aparentemente dentro do Parque Natural de Hwange, no Oeste do Zimbabwe. Com um animal morto atado a uma carrinha, Walter James Palmer e outros caçadores que lhe serviram de guias atraíram o leão para fora do parque, segundo Johnny Rodrigues, da Zimbabwe Conservation Task Force, uma organização criada em 2001 para patrulhar a caça ilegal nos parques naturais do país.

Palmer atingiu-o com um arco e flecha, a arma de eleição com que o dentista pratica a caça a grandes animais. Ferido, o leão vagueou durante quase dois dias, até ser novamente encontrado pelos caçadores. Morreu finalmente com um tiro.

Cecil foi encontrado dias depois, sem a cabeça e a pele, supostamente retiradas como troféus de caça. Um colar com equipamento GPS, que permitia a cientistas da Universidade de Oxford acompanhar o animal, tinha sido parcialmente destruído.

Na última semana, quase um mês depois, Walter Palmer foi identificado como o caçador e duas pessoas no Zimbabwe foram presentes a tribunal.

Na terça-feira da semana passada, o dentista divulgou um comunicado lamentando o ocorrido. “Contratei vários guias profissionais e eles asseguraram todas as licenças necessárias. Tanto quanto sei, tudo relacionado com esta viagem foi legal e conduzido de forma adequada”, escreveu.

O dentista disse que, até ao fim da caçada, “não fazia ideia” de que o leão era conhecido e que trazia uma coleira. “Confiei na experiência dos meus guias profissionais locais para garantir uma caçada legal”, argumentou. “Lamento profundamente que a busca de uma actividade que eu adoro e pratico de forma responsável tenha conduzido à morte deste leão”, completou Palmer.

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