Zona euro aumenta pessimismo do FMI para a economia mundial

Fundo baixou previsão para a economia mundial de 3,3% para 3,1%. Más notícias vêm da zona euro e das economias emergentes.

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Christine Lagarde, directora geral do FMI Foto: Aly Song/Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu esta terça-feira em baixa as previsões para a economia mundial que tinha apresentado há três meses atrás. Uma recessão mais prolongada na zona euro é uma das explicações para o maior pessimismo agora revelado.

De acordo com as previsões intercalares publicadas pelo fundo, a economia mundial irá registar este ano um crescimento de 3,1%. Este valor é inferior aos 3,3% que foram estimados em Abril e significa que o Globo não irá conseguir acelerar face ao crescimento de 3,1% que se tinha registado em 2012. Para o próximo ano, a projecção do FMI passou de 4% para 3,8%.

No relatório hoje tornado público, a entidade sedeada em Washington diz que a deterioração das perspectivas "se deve em larga medida a uma procura interna significativamente mais fraca em várias das principais economias emergentes, tal como a uma recessão mais prolongada na zona euro".

Para os países do euro, o fundo está agora a prever uma recessão de 0,6% este ano, contra os 0,4% estimados anteriormente, e uma retoma em 2014 de 0,9%, ligeiramente mais fraca do que a variação de 1% que antes era prevista. O FMI diz que "a recessão na zona euro foi mais profunda do que o esperado porque a fraca procura, a confiança deprimida e os balanços frágeis interagiram, tornando ainda mais fortes os efeitos no crescimento e o impacto das condições orçamentais e financeiras muito restritivas". Isto é, o fundo volta a dizer que o impacto da austeridade no crescimento foi mais forte devido ao nível de endividamento e à queda de confiança dos agentes económicos.

Nos países da zona euro que o fundo analisou nesta previsão intercalar, um dos que sofe uma maior revisão das previsões é a Espanha. O FMI mantém uma estimativa de contracção este ano de 1,6%, mas passa a apontar para uma estagnação da economia espanhola em 2014, quando em Abril ainda acreditava num crescimento de 0,7%.

Para Portugal não foram apresentadas novas previsões para a economia. No entanto, é possível que esta revisão em baixa das perspectivas de crescimento em alguns dos principais destinos das exportações portuguesas possa vir a ter efeito na evolução da economia nacional. Uma revisão do cenário macroeconómico em Portugal poderá vir a ser feita no decorrer da oitava avaliação da troika ao programa português, que se poderá iniciar no dia 15 de Junho.

Emergentes abrandam
Outra das grandes diferenças entre o cenário traçado pelo FMI agora e aquele que era identificado em Abril, é o ritmo de crescimento esperado para as principais economias mundiais. China, Brasil e Rússia sofrem revisões em baixa nas previsões de crescimento para este ano e o próximo muito significativas. Para a China, tanto para 2013 como para 2014, o crescimento passou a ser inferior a 8%, algo que não acontecia em Abril. No Brasil, de um crescimento de 3% em 2013 e de 4% em 2014 passou-se agora para 2,5% e 3,2%, respectivamente. Na Rússia, as previsões do FMI foram cortadas em 0,9 e 0,5 pontos percentuais para os dois anos.

De acordo com o FMI, a principal razão para esta revisão está no impacto que a retirada de políticas monetárias mais expansionistas por parte do Reserva federal norte-americana pode vir a ter nos fluxos de capitais entre os mercados emergentes e os países mais ricos do Planeta.

Para fazer face a esta situação de crescimento muito lento à escala mundial, o fundo apela a que sejam feitas "reformas estruturais em todas as principais economias". Por um lado, é pedido que um crescimento sustentável do consumo na China e do investimento na Alemanha, enquanto para os países com défices externos, a prioridade deve ser uma melhoria da competitividade.

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