Zona euro apoia “ajustamento” dos prazos de reembolso dos empréstimos europeus

O “ajustamento” pretende evitar que Portugal e a Irlanda enfrentem picos de amortização da dívida em 2015-2016 e 2020-2021.

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Jeroen Dijsselbloem (à esquerda) disse que as questões técnicas serão debatidas “provavelmente em Abril” Eric Vidal/Reuters

Os ministros das Finanças dos 17 países da zona euro apoiaram politicamente esta segunda-feira um “ajustamento” dos prazos de reembolso de parte dos empréstimos europeus a Portugal e à Irlanda, embora deixando para mais tarde os aspectos mais importantes da decisão relativos à definição das modalidades concretas.

O debate prosseguirá na terça-feira de manhã entre os ministros das Finanças dos 27 países da União Europeia (UE) que deverão emitir o mesmo tipo de apoio político à medida.

O apoio do Eurogrupo (o fórum de coordenação dos ministros das Finanças do euro) foi anunciado pelo seu presidente, o ministro holandês das Finanças, Jeroen Dijsselbloem, relativamente aos primeiros empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) garantidos pelos países do euro.


“Foi um debate positivo sobre os ajustamentos para estes dois países, [com] muito apreço sobre o trabalho bem sucedido feito por Portugal e Irlanda [no cumprimento dos programas de ajustamento económico e financeiro ligados à ajuda externa]", afirmou Dijsselbloem no final da reunião.

O debate prosseguirá na terça-feira de manhã entre os ministros das Finanças dos 27 países da UE sobre a parte dos empréstimos fornecidos pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF) que expiram nas mesmas datas.

“Temos a intenção de discutir amanhã se os ministros da UE estão dispostos a considerar um ajustamento dos empréstimos do MEEF à Irlanda e Portugal”, prosseguiu o ministro holandês. “Se houver um acordo amanhã, pediremos à troika [de credores internacionais] para apresentar uma proposta sobre as melhores opções possíveis para cada um destes países”, precisou.

Este “ajustamento” dos prazos, destinado a evitar que os dois países enfrentem picos de amortização da dívida em 2015-2016 e 2020-2021, insere-se nos esforços de ambos para recuperar gradualmente o financiamento no mercado da dívida de modo a poderem sair dos respectivos programas de ajustamento.

“A troika continuará a estudar uma extensão apropriada e credível das maturidades dos primeiros empréstimos do FEEF e do MEEF, com vista a suavizar o caminho para um acesso sustentável ao mercado”, afirmou, por seu lado, Olli Rehn, comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros. “Espero que possamos concluir este trabalho e emitir uma mensagem forte de confiança nas próximas reuniões do Eurogrupo e do Ecofin [os ministros das Finanças da UE] que terão lugar em Dublin, em Abril”, prosseguiu.

Dijsselbloem foi, no entanto, menos taxativo sobre a data da aprovação dos detalhes. No que se refere às “questões técnicas, voltaremos [ao debate] provavelmente em Abril”, afirmou.

Segundo Rehn, Bruxelas permanece “confiante em que a Irlanda saia gradualmente do programa no Outono e que Portugal faça o mesmo na Primavera do próximo ano como está previsto”. Neste contexto, e dada “a situação frágil dos mercados financeiros, [é] essencial que os dois países permaneçam comprometidos com uma aplicação rigorosa dos programas [de ajustamento] e que os seus parceiros europeus apoiem [a sua] saída bem sucedida dos programas”.
 
 
 

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