Visto gold pode ser catalisador de investimento chinês em Portugal

Imobiliárias consideram que visto pode abrir portas à entrada de capital chinês em empresas nacionais.

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A moeda única europeia já perdeu 5,81% para a moeda chinesa Petar Kujundzic/Reuters

O visto “gold” pode ser um catalisador de investimento chinês no tecido empresarial português, defendeu nesta quinta-feira em Macau Patrícia Clímaco, promotora imobiliária, em entrevista à agência Lusa.

Responsável pela empresa “Castelhana”, Patrícia Clímaco está em Macau e Hong Kong num road show do visto gold, que tinha, até ao final de Setembro, o maior número de clientes na China, com cerca de 75% das aquisições de imobiliário em Portugal, e defende que além da venda de casas, este programa pode potenciar o investimento em Portugal.

“É muito mais do que vender casas. Pode haver uma injecção de capital no tecido empresarial português e oportunidades inacreditáveis, sobretudo numa altura em que é muito difícil alavancar e financiar as empresas”, apontou, ao salientar que o empresário chinês tem capital e que Macau tem a desempenhar um papel “fulcral”.

Com o mercado chinês a dominar a emissão de vistos gold, Patrícia Clímaco defende uma concentração de esforços na China e o envolvimento de figuras nacionais como Mourinho ou Cristiano Ronaldo no esforço de “reforçar a mensagem que (se) quer passar” e convidando a imprensa chinesa a visitar o país “porque um artigo no Guangzhou Daily News terá muito mais impacto do que muitas ações que possamos fazer”, considerou.

Patrícia Clímaco está em Macau com propostas da região de Lisboa, acredita na recuperação do mercado, mas defende que há ainda muito a fazer para potenciar plenamente o visto gold.

“A Espanha também procura este investimento e tem uma vantagem face a Portugal que são as ligações directas para a China, que, no caso português, se existissem, iriam potenciar a captação de investimento através do golden visa”, disse.

A existência de ligações directas e a revogação da permanência obrigatória de sete dias poderiam permitir, garante, “quintuplicar facilmente o investimento de cidadãos chineses”.

Também presente em Macau no road show que decorreu na quarta-feira na residência consular portuguesa depois de um dia em Hong Kong, e que hoje segue para Xangai, esteve Francisco Portugal e Castro, director da imobiliária Noronha Sanches, com propostas para a zona do Estoril e Cascais e com uma visão do “visto gold" como um meio de “animar o mercado imobiliário nacional, especialmente aquele que está consolidado em regiões como Lisboa”.

“Desde que a lei do visto gold foi reformulada que temos sentido quer da comunidade chinesa, quer da brasileira, sul-africana e angolana uma procura muito grande para a aquisição e a concretização das vendas aumentou muito a preços de mercado impensáveis há um ano”, disse Francisco Castro, ao salientar que a nova política de captação de investimento contribuiu para “animar o mercado” e “travar a queda dos preços”.

Com os preços das habitações que apresenta localmente a variar entre os 600 mil euros e os dois milhões de euros, Francisco Castro referiu também que além do investimento do exterior, o mercado interno “está também a recuperar”.

“Paulatinamente, mas a recuperar”, sublinhou ao recordar que o imobiliário de alta qualidade sentiu alguma retração de vendas, mas não do preço.

Já Duarte Guerreiro traz do Algarve produtos como o condomínio do Convento das Bernardas, recuperado pelo arquiteto Souto Moura e que disponibiliza 76 apartamentos.

Sem experiência de vendas através do “visto gold”, Duarte Guerreiro reconhece as vantagens do programa até pela rapidez com que se fazem as vendas e lembrou que a percepção internacional é a de que Portugal “já bateu no fundo e vai agora recuperar”.

Duarte Guerreiro defendeu ainda parcerias com empresas locais porque a promoção dos vistos terá de ser continuada e as imobiliárias “não podem vir ao oriente uma vez e desaparecerem”.

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