Venda de empresas não financeiras já gerou um encaixe para a CGD de cerca de 850 milhões

Banco já vendeu participações na Cimpor, Zon, Galp, Brisa, HPP e agora PT.

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Gonçalo Português

No último ano e meio, a CGD poderá ter encaixado cerca de 850 milhões de euros com a alienação de várias participações em empresas como a Cimpor, a Zon, a Galp, a Brisa, a HPP ou agora a PT. A imposição de venda das acções consta do memorando de entendimento assinado entre Portugal e a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), no quadro do programa de apoio financeiro a Portugal, que prevê ainda que a CGD deixe o sector segurador, com a alienação da Caixa Seguros (avaliado em mais de mil milhões de euros), uma operação que o Governo quer concluir até final do ano.

O movimento de saída do grupo estatal CGD do capital de empresas portuguesas, algumas consideradas estratégicas, arrancou em Março de 2012, quando o presidente do grupo, José Matos, anunciou a venda de 9,8% do capital da Cimpor à Camargo Corrêa, no quadro da OPA lançada pela InterCement (a holding do grupo brasileiro). O banco estatal encaixou 354,5 milhões de euros.

Meses depois, em Junho, a empresária angolana Isabel dos Santos comunicou que chegara também a acordo com a CGD para adquirir as acções da instituição financeira (10,88%) na Zon, um investimento da ordem de 87,4 milhões de euros. O negócio permitiu à empresária passar a controlar 28,72% da operadora de telecomunicações nacional.

E, em Agosto, de 2012, a CGD voltou a aparecer para revelar, agora, que ia abandonar a Brisa, onde possuía 1,6%, o equivalente a 9,6 milhões de acções, o que lhe permitiu encaixar cerca de 26,5 milhões de euros. O negócio não evitou que o banco estatal registasse uma perda (acumulada) de cerca de 15 milhões de euros com a venda dos títulos da concessionária de auto-estradas.

Antes do ano terminar, em Novembro, a CGD deixou a petrolífera Galp, onde detinha há mais de uma década uma posição de 1%, considerada simbólica pelo Estado português. O banco arrecadou cerca de 100 milhões de euros. No mesmo mês já tinha negociado a venda do seu negócio hospitalar, HPP, por 85,6 milhões de euros (um saldo positivo de 40 milhões de euros), ao grupo brasileiro AMIL.

Antes, no final de 2011 a CGD já tinha passado para a Parpública a sua posição de 25,05% que detinha na EDP. De seguida a Parpública dispersou pelo mercado cerca de 10% do capital da operadora. Esta foi uma forma de o Tesouro continuar a receber dividendos e de angariar dinheiro para abater à dívida pública.

Esta quinta-feira foi a vez de José Matos anunciar que ia vender os títulos da Portugal Telecom, onde o banco dominava 6,11%, através de uma oferta particular de acções dirigida a investidores qualificados. Embora o valor final da operação, que está a decorrer, não seja ainda conhecido, os analistas estimam que possa gerar um encaixe para o grupo público até 200 milhões de euros.

O processo de alienação de posições em empresas não financeiras deverá ficar concluído com a venda da Caixa Seguros, Fidelidade, Multicare e Cares. O caderno de encargos já definido pelo Governo estabelece os termos e condições da venda directa. A comunicação social já deu conta de que apareceram cinco propostas de aquisição do grupo segurador estatal (com uma quota de mercado superior a 30%): uma do grupo chinês Fosum International e outras quatro de fundos de investimento dos Estados Unidos.

As avaliações à Caixa Seguros, realizadas pela Deloitte, deverão apontar, face aos 1,5 a 1,7 mil milhões referidos em 2011, para um valor máximo entre 1,2 a 1,3 mil milhões de euros. A intenção do Ggoverno é concluir este dossier até final do ano.

Do universo bancário a CGD possuía cerca de 3% do BCP, um banco concorrente, acções que tem estado a vender, com menos-valias que ainda não foram reveladas.
 
 

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