Varoufakis não espera "acordo final" no próximo Eurogrupo

Reunião dos ministros das Finanças da zona euro na próxima segunda-feira não deverá permitir ainda a Atenas receber a última tranche do seu empréstimo.

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Varoufakis esteve reunido com o comissário dos assuntos económicos e monetários, Pierre Moscovici REUTERS/Yves Herman

Apenas algumas horas depois da Comissão Europeia ter revisto as suas previsões de crescimento para a economia grega em 2015 de 2,5 para 0,5%, houve ainda tempo para mais más notícias para a Grécia nesta terça-feira. O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, admitiu que não espera um "acordo final" na próxima reunião do Eurogrupo a dia 11 de Maio sobre o desembolso da última tranche do empréstimo grego. Varoufakis falava à saída de uma reunião com o comissário dos assuntos económicos e monetários, Pierre Moscovici, um encontro que considerou no entanto "construtivo".

A próxima reunião dos ministros das Finanças da zona euro será "um novo passo na direcção de um acordo final", indicou o ministro das Finanças grego. Quanto a Moscovici, disse apenas que a reunião serviu para debater os "progressos significativos do Grupo de Bruxelas" e preparar o "útil Eurogrupo de segunda-feira".

A Grécia precisa urgentemente de um acordo que lhe permita resolver o seu problema de liquidez a curto prazo para fazer face a um calendário de pagamentos exigente. No dia a seguir à reunião, as autoridades gregas têm de pagar mais 760 milhões de euros ao FMI. 

Estas declarações juntam-se às de Wolfgang Schäuble, que afirmou hoje de manhã estar "um pouco céptico"  quanto às hipóteses de chegar a um acordo nos próximos dias.

Divergências entre UE e FMI
Já em Atenas, fontes no Governo grego, citadas pela AFP, adiantaram que "as divergências sérias e as contradições entre os seus credores, a UE e o FMI, estão a bloquear as negociações". 

Segundo essas fontes, há "intransigência" do FMI no que toca as reformas no mercado laboral e no sistema de pensões, mas mais abertura sobre uma possível reestruturação da dívida pública (junto dos credores europeus). Já a Comissão Europeia tem sido mais flexível sobre as reformas, mas não quer ouvir falar de qualquer reestruturação da dívida grega.

Caso o encontro dos ministros das Finanças da zona euro na próxima segunda-feira se revele infrutífero, será a segunda reunião do Eurogrupo apontada como "decisiva" a não permitir chegar a acordo, depois do fracasso em Riga a 24 de Abril.

Fontes comunitárias afirmam no entanto que houve progressos "encorajadores" nos trabalhos do Grupo de Bruxelas,  que reúne os credores da Grécia, FMI, BCE e EFSF, para além da Comissão Europeia, durante o fim-de-semana. Na semana passada, a Grécia reformulou a sua equipa de negociadores, que deixou de ser liderada por Varoufakis para estar sob a alçada do vice-ministro dos negócios estrangeiros, Euclid Tsakalotos, o que parece ter permitido intensificar as discussões.

No entanto, os progressos não parecem ser ainda suficientes para justificar o acordo por parte do Eurogrupo para desembolsar os 7,2 mil milhões de euros que Atenas ainda pode receber no âmbito do programa de resgate europeu em vigor. 

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