Uma greve quase inédita

Trabalhadores da empresa só participaram todos numa paralisação em 1993.

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Sindicatos convocaram greve para período entre o Natal e o Ano Novo Raquel Esperança

O Expresso relatava a 17 de Abril de 1993: “TAP em pé-de-guerra”. Na véspera, uma concertação inédita entre os sindicatos da empresa tinha desencadeado uma greve sem precedentes, que o semanário adiantava ter perturbado fortemente a operação. “Durante todo o dia de sexta-feira, partiram do aeroporto de Lisboa apenas três voos. Um com destino a Luanda e dois, dos chamados serviços mínimos, com destino a Madeira e Açores”, noticiava.

Desde esse dia que a transportadora aérea não enfrentava protestos com a dimensão dos que se avizinham a 27, 28, 29 e 30 de Dezembro, unindo todas as classes profissionais do grupo.

No ano passado, chegou a estar em cima uma greve conjunta de três dias para contestar os cortes salariais previstos no Orçamento do Estado, mas a paralisação foi suspensa. Também nessa altura o Governo acenou com a criação de um grupo de trabalho que, dessa vez, foi suficiente para serenar a contestação dos trabalhadores, já que resultou num regime de adaptação às reduções remuneratórias.

Mas o ano de 1993 foi verdadeiramente atípico, com sucessivas greves às horas extraordinárias e ameaças de protestos de 24 horas, que acabaram por ser suspensos. E, no final de Outubro, chegou a haver intensos confrontos entre a polícia e cerca de dois mil trabalhadores, que invadiram o aeroporto para contestar o processo de reestruturação da TAP, que também passava por despedimentos.

Foi, aliás, deste processo que surgiu a injecção de dinheiro do Estado na empresa, a partir de 1994, e num total de 180 mil milhões de contos (cerca de 900 milhões de euros).

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