Um (raro) elogio aos ministros das Finanças. Um alerta aos da Economia

Podíamos ter equilibrado as contas públicas nos anos 1990 com a convergência para o euro e a correspondente descida das taxas de juro. Não o fizemos. Estamos agora a fazê-lo com muito mais sacrifício

A confirmarem-se as previsões da proposta de Orçamento do Estado, Portugal terá, em 2017, em matéria de finanças públicas, o melhor resultado em mais de 40 anos. É verdade que ainda terá um défice orçamental equivalente a 1,6% do produto interno bruto (PIB). É verdade que ainda tem uma gigantesca dívida pública. Mas também é verdade que, sem os encargos com os juros que resultam dessa enorme dívida, terá, pelo terceiro ano consecutivo, um excedente primário de 2,8% do PIB.

É obra. Uma obra cuja responsabilidade se deve, acima de tudo o mais, aos sacrifícios que os contribuintes fizeram e continuam a fazer. Mas também aos três últimos ministros das Finanças: Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque e, agora, Mário Centeno.
Pode parecer pouco, mas não é. Especialmente para quem acredita que o equilíbrio das contas públicas é uma condição necessária, embora não suficiente, para que a economia possa crescer de forma sustentável.

Se não houver desvarios e tentações eleitoralistas; se a conjuntura internacional o permitir e se o Banco Central Europeu continuar a anestesiar os juros da dívida pública, já não parece uma miragem a ideia de que é possível alcançar contas públicas equilibradas num futuro muito próximo. E, tal acontecendo, dar corpo à célebre frase do então Presidente da República, Jorge Sampaio, de que “há vida para além do défice”.

Estamos no meio da quarta revolução industrial. Mas estamos atrasados. Como diz o líder da Efacec. Falta coordenação e organização, diz o director de Investigação Estratégica do instituto Fraunhofer.

“Perdemos a revolução industrial do vapor; chegámos tarde às revoluções da electricidade e da automação; e agora estamos muito atrasados na revolução digital”, sublinha o líder da Efacec.

Podíamos ter equilibrado as contas públicas nos anos 1990 com a convergência para o euro e a correspondente descida das taxas de juro. Não o fizemos. Estamos agora a fazê-lo com muito mais sacrifício do que seria necessário se o tivéssemos feito no tempo certo. 

Agora, precisamos de mais Economia e não a temos tido. Nem hoje, nem antes. É preciso acelerar. Sob o risco de perdermos, novamente, a quarta revolução industrial. 

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