UE supera Estados Unidos e torna-se o maior exportador agro-alimentar do mundo

Vendas para fora do espaço comunitário atingiram os 120 mil milhões de euros em 2013, uma subida de quase 6%. China é, pela primeira vez, o terceiro principal destino das exportações europeias.

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Vinho é um dos produtos mais exportados pela União Europeia Nuno Ferreira Santos

A União Europeia tornou-se em 2013 no maior exportador de produtos alimentares e agrícolas do mundo ao superar, pela primeira vez, os Estados Unidos. Um relatório divulgado, nesta segunda-feira, pela Comissão Europeia, adianta que no ano passado as vendas para o exterior dos 28 Estados-membros cresceram 5,8% para 120 mil milhões de euros, enquanto nos EUA as exportações agro-alimentares – excluindo peixe e produtos derivados - atingiram os 115 mil milhões de euros (uma queda de dois mil milhões de euros face ao ano anterior).

A descida das vendas dos Estados Unidos para o estrangeiro acabou por beneficiar a UE que, em 2013, não conseguiu manter o ritmo de crescimento que tinha vindo a registar nos últimos dois anos (cresceu perto de 6% o ano passado, quando em 2012 tinha crescido 12% e em 2011, 17%). O bom desempenho foi estimulado pela procura de matérias-primas, como os cereais (trigo e cevada), por parte de países em desenvolvimento. “Geralmente reconhecida como exportadora de produtos de elevado valor acrescentado, a União Europeia deve o seu crescimento em 2013 ao maior volume de exportações de matérias-primas, com os cerais a representar, sozinhos, mais de dois terços do total deste aumento”, lê-se no documento.

Os Estados Unidos eram, desde pelo menos 2011, os maiores exportadores mundiais de produtos agro-alimentares mas os efeitos da seca afectaram o desempenho da produção. Os impactos mais negativos foram sentidos nas exportações de grãos de soja e algodão, que têm como principal destinatário a China. Registou-se, ainda, uma queda de preços que fez com que a China conseguisse comprar grão de soja mais barato em países da América do Sul (sobretudo Brasil) que, por seu lado, conseguiram conquistar clientes chineses. Em 2013, o Canadá foi, por isso, o principal cliente dos Estados Unidos. Depois da Europa e dos EUA, o Brasil, a China, o Canadá e a Argentina são os maiores exportadores agro-alimentares do mundo.

Estados Unidos: o maior cliente da Europa
Os bens agro-alimentares pesam 7% no total das exportações da União Europeia, ocupando o quarto lugar depois da maquinaria, químicos e fármacos. O saldo da balança comercial nesta categoria de produtos teve um excedente de 18,6 mil milhões de euros, mais sete mil milhões do que em 2012. Mais de metade das exportações referem-se a seis tipos de bens, numa lista dominada pelas bebidas espirituosas e licores, vinho, produtos de padaria, massas alimentares e comida para bebés, trigo, gelados, chocolate e guloseimas, carne de porco, queijo, fruta e vegetais e tabaco. Em termos absolutos, o milho, o tabaco, a comida para cães ou a carne de porco congelada foram os que mais contribuíram para o crescimento das exportações em 2013.

Os Estados Unidos continuam a ser o maior mercado para os produtos alimentares e agrícolas da União Europeia, com uma quota de 13%. Segue-se a Rússia, com 10% de peso, percentagem que se mantém inalterada desde 2009. A maior surpresa foi a China: pela primeira vez é o terceiro maior cliente da UE (6,1%), ultrapassando a Suíça (5,9% de quota). “O maior ganho absoluto nas exportações em 2013 foi conseguido pela China (mais 1,2 mil milhões de euros), que também foi o segundo mercado de maior crescimento depois da Arábia Saudita”, refere-se o relatório divulgado por Bruxelas.

Quanto às importações, a UE continua a ser o maior comprador do mundo de produtos agrícolas, com 102 mil milhões de euros de importações (o mesmo valor que em 2012). Na lista dos bens mais importados estão o café, a soja ou o óleo de palma. Já as frutas tropicais pesam 9% no total das compras ao estrangeiro.

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