Turistas chineses vão poder usar os seus cartões nas lojas portuguesas

Acordo da UnionPay com Unicre e a SIBS permite pagamentos "como se estivessem na China”.

Foto
Cerca de 100 mil chineses visitaram Portugal no ano passado Daniel Rocha

A partir de Julho os turistas chineses em Portugal vão poder usar cartões bancários da UnionPay nos terminais de pagamento automático da Redunicre, marca da Unicre, e nos terminais da rede Multibanco, que pertence à SIBS. As empresas assinaram nesta sexta-feira um acordo de cooperação para que os comerciantes portugueses possam aceitar cartões bancários da UnionPay, o maior emissor chinês, com 4700 milhões de cartões aceites em 150 regiões do mundo.

O ano passado 113.200 chineses visitaram Portugal e gastaram 54 milhões de euros, quase 20 milhões mais do que em 2013. O número de visitantes também tem crescido a dois dígitos (49,3% em 2014). Wei Zhihong, director-geral para a Europa da UnionPay International acredita que o valores vão aumentar quando se concretizar a tão esperada ligação aérea directa entre Portugal e China. “Será fundamental. As maiores companhias aéreas chinesas querem ter voos directos para Portugal e com isso teremos um aumento no número de transacções”, disse ao PÚBLICO.

Em Portugal 45 mil estabalecimentos comerciais têm terminais de pagamento da Redunicre e a intenção da Unicre, detida por 12 bancos, é alargar a aceitação de cartões da UnionPay (débito, crédito ou pré-pago) a toda a rede, começando pelos locais mais turísticos, como Lisboa e Porto, detalha Gonçalo Lopes, director-geral da Redunicre. “O fundamental é que os turistas vão poder passar a pagar como se estivessem na China”, explica, acrescentando que a maior parte dos gastos são feitos em hotéis, restaurantes e lojas. Actualmente, os turistas usam como meios de pagamento marcas internacionais como a Visa ou a Mastercard, ou dinheiro. Comparando com os visitantes oriundos de Angola, Brasil ou Rússia são os que mais gastam em cada acto de compra.

Luís Flores, presidente executivo da Unicre, sublinhou que a entrada da UnionPay na Redunicre “tem o potencial de gerar um aumento no número de transacções” e é “estratégica” para a empresa portuguesa. Por seu lado, Shi Wenchao, presidente da China UnionPay, destacou que a assinatura do acordo, que decorreu no Museu do Oriente, em Lisboa, é “uma importante cerimónia”. “A UnionPay dá muita importância ao mercado português”, disse.

Uma das intenções da UnionPay, que se está a expandir na Europa, é “ter mais colaborações com a Unicre e outras instituições bancárias em Portugal para a área dos pagamentos com telemóvel e Internet”.

Também o embaixador da China em Portugal, Huang Songfu, lembrou que as relações entre os dois países na área económica “têm-se consolidado numa tendência de crescimento”, com as empresas chinesas a “multiplicaram o volume de investimento” em Portugal. “Tenho a certeza que esta cooperação entre a UnionPay e a Unicre vai facilitar [os pagamentos] aos turistas. Os O ano passado 100 milhões de chineses viajaram para fora da China continental mas em Portugal esse volume ainda é pequeno (100 mil em 2014). Tenho a certeza de que Portugal tem tudo para atrais mais turistas chineses”, defendeu.

Por seu lado, em comunicado a SIBS refere que o acordo que assinou nesta sexta-feira na presença de Shi Wenchao e Madalena Cascais Tomé, presidente da comissão executiva do grupo português, vai permitir  a aceitação de pagamentos com cartões da marca UnionPay nos terminais automáticos da Rede Multibanco. "Desde 2008 que os portadores de cartões da China UnionPay podem utilizar os seus cartões bancários na rede de cerca de 13.000 Caixas Automáticos Multibanco", recorda a empresa. No ano passado, por exemplo, foram efetuados cerca de 28 mil levantamentos com um valor médio de 167 euros, um crescimento de 77% no volume de operações face a 2013, continua.

De acordo com dados da Global Blue, empresa que opera no negócio do reembolso de IVA, em Portugal os turistas chineses estão no top dos clientes que mais gastam em cada compra. Em 2013, a despesa média foi de 1223 euros e no primeiro semestre de 2014 de 1099 euros. Prefere comprar em lojas de moda e vestuário (49% dos gastos são feitos nestes estabelecimentos), relojoaria e joalharia (16%) e acessórios de moda (11%).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários