Tsipras avisa Merkel que Grécia pode não ter condições para pagar dívida

Alerta foi feito numa carta enviada pelo primeiro-ministro grego a 15 de Março.

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Governo Tsipras espera obter um acordo na próxima semana

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, avisou em meados de Março a chanceler alemã Angela Merkel que Atenas poderá não conseguir pagar a sua dívida aos credores se a União Europeia não desbloquear no curto prazo a ajuda financeira dos parceiros europeus. O alerta foi feito numa carta com data de 15 de Março, que foi divulgada pelo Financial Times no domingo à noite, na véspera do encontro entre Tsipras e Merkel marcado para esta segunda-feira à tarde em Berlim.

Na carta, Alexis Tsipras adverte a Alemanha de que será impossível assegurar o pagamento da dívida nas próximas semanas se a União Europeia não disponibilizar, no curto prazo, uma assistência financeira ao país.

"Dado que a Grécia não tem acesso aos mercados financeiros e devido aos picos do reembolso da dívida previstos para a Primavera e Verão, deve ficar claro que perante as restrições impostas, em particular, pelo Banco Central Europeu, combinadas com os adiamentos do reembolso [da última tranche de financiamento que ficou pendente], tornará impossível a qualquer Governo garantir o serviço da dívida”, escreve o primeiro-ministro grego.

O porta-voz do governo grego, Gabriel Sakellaridis, confirmou, segundo a AFP,  o conteúdo da carta. “Não se trata de uma ameaça, mas da realidade”, declarou à televisão privada MegaTV, revelando que Tsipras enviou uma carta semelhante ao presidente francês, François Hollande, e ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

"A carta não diz nem mais nem menos do que dissemos na semana passada: que há pouca liquidez e que as iniciativas políticas devem ser tomadas”, acrescentou o porta-voz.

Na carta, o primeiro-ministro grego alerta que o seu governo poderá ver-se confrontado com uma escolha difícil: pagar os empréstimos, nomeadamente ao Fundo Monetário Internacional, ou manter os gastos sociais. "Com esta carta, estou a alertar para que não permita que um pequeno problema de liquidez, e uma certa inércia institucional, se torne num grande problema para a Grécia e para a Europa", escreve Alexis Tsipras.

O responsável critica a actuação do Banco Central Europeu e dos responsáveis da zona euro, que se recusam a desembolsar o financiamento até que a Grécia adopte um novo pacote de reformas. A combinação destas duas restrições tornam impossível, segundo Tsipras, que qualquer governo cumpra o pagamento das suas dívidas.

Merkel recebe nesta segunda-feira em Berlim, o primeiro-ministro grego, com o objectivo de acalmar as tensões entre uma Grécia sobreendividada e que pretende acabar com a austeridade e uma Alemanha que insiste em seguir uma linha intransigente no contexto europeu.

Atenas está à espera que os parceiros europeus desbloqueiem, pelo menos parcialmente, a última tranche dos empréstimos (no valor de 7,2 mil milhões de euros), prevista no quadro do prolongamento da ajuda financeira decidida a 20 de Fevereiro. A transferência de verbas está à espera que o governo liderado por Alexis Tsipras ponha no terreno um novo pacote de reformas que tenha luz verde por parte dos credores.

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