Tranquilidade dá descontos para atrair clientes para o novo BES

Seguradora oferece melhores condições a quem abrir conta no Novo Banco.

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Tranquilidade vai ser vendida aos norte-americanos da Apollo Sara Matos

A seguradora Tranquilidade, que pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES), está a oferecer descontos aos clientes que abrirem uma conta no Novo Banco, a designação que foi dada ao chamado BES bom (que exclui os activos considerados tóxicos). Uma estratégia comercial que terá como objectivo atrair clientes para a instituição, depois de a crise ter prejudicado fortemente a sua imagem.

A Tranquilidade, que vai passar agora para o Novo Banco para ser posteriormente vendida aos norte-americanos da Apollo, está a enviar cartas aos clientes cujas apólices estão a vencer, oferecendo-se para “rever e melhorar o contrato ao nível das coberturas e condições de prémio”, lê-se numa das missivas a que o PÚBLICO teve acesso, que não explica quais os requisitos para ter acesso à proposta.

Só através da linha de clientes é explicado que o acesso à revisão e melhoria do contrato está dependente da “abertura de uma conta no Novo Banco”, como referiu por telefone um operador da seguradora. “A abertura dessa conta permite receber metade do valor do prémio”, acrescentou, sem especificar, embora tendo sido questionado, quais as condições associadas à conta.

O PÚBLICO tentou ligar para o número que surge nas cartas enviadas aos clientes, como pertencendo a loja central da Tranquilidade em Lisboa. No entanto, não foi possível obter mais esclarecimentos, porque surge apenas a seguinte mensagem de voz: “Não nos foi possível atender a sua chamada. Para que não espere mais tempo, agradecemos que deixe o seu nome e número de telefone e entraremos em contacto consigo de seguida. Por favor deixe a sua mensagem após o sinal”. Mais à frente, surge uma nova gravação que refere que “a caixa de correio não aceita mais mensagens”.

Contactado, o porta-voz do Novo Banco explicou que "o programa de captação de clientes comuns já existe há três anos" e que "não há alterações em termos comerciais há quatro ou cinco meses", garantindo que "não é uma estratégia específica agora" para aumentar a carteira de clientes da instituição que sucedeu ao BES.

A Tranqulidade, que tinha sido dada como parte colateral entregue pela Espírito Santo Financial Holding por conta da garantia de 700 milhões de euros criada para assegurar o reembolso do papel comercial aos clientes de retalho do BES, vai sair da esfera do GES e passar para o Novo Banco. A Lusa noticiou na sexta-feira que a seguradora será vendida em breve aos norte-americanos da Apollo, que vão investir cerca de 200 milhões de euros para ficar com a empresa (dos quais 140 milhões para reforço do capital).

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