Trabalhadores de supermercados Alisuper temem ficar sem trabalho

Cadeia emprega 129 pessoas no Algarve.

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Apesar de não ser obrigado a isso, o empresário de Lamego quer reintegrar os antigos empregados Alexandre Afonso/Arquivo

Trabalhadores dos supermercados Alisuper manifestaram-se nesta quinta-feira, em Silves, em defesa dos seus postos de trabalho, depois de a empresa N&F, que assumiu o controlo em 2012, ter pedido a insolvência.

"Está marcada uma assembleia de credores no Tribunal de Viseu, no dia 26 de Abril, às 9h, e os trabalhadores vieram demonstrar o seu descontentamento, porque fizeram vários esforços há seis anos para viabilizar o grupo e actualmente estão a passar de novo por esta situação", disse Maria José Madeira, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), à agência Lusa.

Actualmente "há 129 trabalhadores nas 24 lojas Alisuper abertas no Algarve", observou a dirigente sindical, sublinhando que "há trabalhadores nas lojas que só hoje é que tomaram conhecimento" de que "os seus postos de trabalho estão em risco".

Maria José Madeira disse que representantes sindicais e dos trabalhadores se reuniram hoje com a Câmara de Silves, que "é um dos municípios que têm acompanhado o processo desde a altura da insolvência", e anunciou que "o próximo passo é pedir uma reunião com a própria administração da empresa para ver o que diz".

A dirigente sindical, que também é trabalhadora da empresa, recordou que os funcionários "têm a preocupação do empréstimo do BPN" que contraíram para ajudar a viabilizar os postos de trabalho ainda no processo da primeira insolvência, há seis anos. A N&F, pertencente ao Grupo Nogueira, responsabilizou-se pelo pagamento desse empréstimo.

"A nova empresa, a N&F, assumiu o pagamento desse crédito, mas a partir do momento em que deixar de pagar, se for para insolvência, certamente os créditos vão voltar para cima dos trabalhadores, porque são os nomes deles que lá estão", advertiu.

Maria José Madeira disse temer pelos postos de trabalho e pela repetição dos problemas que estes trabalhadores já viveram e que tinham pensado deixar para trás em 2012, quando o Grupo Nogueira, que opera nos mercados das frutas e hortícolas há mais de 20 anos, adquiriu o Grupo Alicoop/Alisuper por 26 milhões de euros, mantendo a maioria dos trabalhadores.

A operação que formalizou a compra do Grupo Alicoop - Cooperativa de produtos alimentares de Silves, decorreu em Fevereiro de 2012, depois de a Caixa Geral de Depósitos e o Montepio terem viabilizado as linhas de crédito.

O empresário José Nogueira reconheceu na ocasião à Lusa que "não foi um negócio fácil" e acrescentou que existia "um compromisso de saneamento financeiro do passivo, incluindo a divida assumida por alguns trabalhadores ao banco BPN".

O grupo Alicoop entrou em processo de insolvência em Agosto de 2009, com um passivo acumulado de cerca de 80 milhões de euros, e encerrou a sua cadeia de supermercados no início de Maio de 2010, para não agravar o passivo.

Em Julho de 2010, o Tribunal de Silves aprovou um plano de viabilização apresentado pelos trabalhadores, no qual se incluía o empréstimo ao BPN, mas as dificuldades de financiamento inviabilizaram a sua concretização.

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