Trabalhadores da Randstad protestam para receber compensações salariais

No total, serão cerca de 700 as pessoas afectadas e que tinham sido contratadas pela empresa para trabalhar na Visteon, em Palmela.

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Apesar de terem recebido, alguns trabalhadores contestam a liquidação de contas Daniel Rocha

Cerca de 50 trabalhadores passaram um dia inteiro à porta da delegação de Setúbal da Randstad – empresa de recrutamento e trabalho temporário – para receberem valores em dívida por trabalho prestado na fábrica da Visteon, em Palmela. Depois do protesto de mais de 12 horas, que foi acompanhado pela PSP, na segunda-feira, os trabalhadores acabaram por receber, já ao final da noite desse dia.

A entrega dos cheques estava prevista para as 21h, mas o gerente da empresa chegou cerca de uma hora depois, acompanhado por vários elementos da PSP. Depois disso, alguns trabalhadores mostraram-se aliviados, outros afirmaram que o valor pago pela empresa não estava correcto.

O gerente da Randstad, Rui Croca, chegou a Setúbal perto das 22h e foi recebido pelo protesto de meia centena de trabalhadores que se encontravam à porta do escritório da empresa. Em grupos de sete, os trabalhadores foram entrando nas instalações e chamados, à vez, para receberem os cheques com o montante em divida. Alguns contestam a liquidação de contas. “Falta o valor das formações”, “ainda tenho a receber pelo menos 150 euros” ou “só pagaram a caducidade”, foram algumas das frases ouvidas.

Em causa está o pagamento da compensação por cessação de contrato, por parte da entidade empregadora, neste caso, a empresa Randstad, que subcontratou os trabalhadores. Ao todo nesta situação, segundo Rui Ferreira, porta-voz dos trabalhadores, estão largas centenas de pessoas, que prestam serviço na fábrica de Palmela ao abrigo de contrato de cedência de trabalho à Visteon, um fornecedor de componentes automóveis.

“A Randstad rescindiu contrato comigo e com os meus colegas, durante o mês de Dezembro. Ora, por lei, a compensação deve ser paga até 30 dias. Já passou mais de um mês e nada. Têm de nos pagar juros e outras regalias. O gerente disse-nos para estarmos cá na sexta-feira para recebermos o dinheiro, mas não havia dinheiro nenhum”, disse Rui Ferreira, durante o protesto.

De acordo com este trabalhador, o conflito com a empresa de trabalho temporário já é antigo. “A Visteon cessou contrato com a Randstad porque eles não cumprem as obrigações com os trabalhadores. Muitas vezes enganavam-se no valor dos ordenados e nós ficávamos um, dois, três meses, à espera do dinheiro. Esta empresa já mudou de nome três vezes e sempre incumpriu. Isto foi sempre uma trapalhada com os pagamentos, com a caducidade dos contratos, com tudo”, afirmou Rui Ferreira, que viu o seu contrato cessar a 23 de Dezembro de 2014.

De acordo com o porta-voz dos trabalhadores, as pessoas nesta situação continuam a laborar na fábrica de Palmela, mas já por conta de uma outra empresa de trabalho temporário. Facto que o PÚBLICO não conseguiu confirmar junto da Visteon, já que, até ao momento, a empresa não respondeu às questões colocadas. 

A Randstad, através de Inês Veloso, do departamento de marketing e comunicação, nega qualquer incumprimento.  “A Randstad actua em conformidade com a lei, cumprindo todas as obrigações para com os trabalhadores”, assegura a responsável. A empresa confirma que “a Visteon deixou de trabalhar com a Randstad em 31 de Dezembro de 2014” mas devido a “questões exclusivamente negociais”. 

Os trabalhadores, que dizem ter ainda dinheiro a receber, garantem que vão voltar a protestar à porta da empresa antes do final desta semana.

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