Trabalhadores da Izibuild contestam despedimento e reclamam salários

Grupo fechou seis lojas e despediu 183 pessoas.

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Grupo vende material de bricolage Miguel Madeira

Os trabalhadores da Izibuild, uma cadeia de lojas de bricolage e artigos para casa, anunciaram nesta terça-feira, em Viana do Castelo, que vão contestar judicialmente o despedimento colectivo iniciado pela empresa e vão reclamar, até final deste mês, o salário de Novembro e o subsídio de Natal, ambos em atraso.

"Vamos contestar devido a algumas ilegalidades no despedimento colectivo, porque eles afirmam que esta loja [Viana do Castelo] já está fechada mas isso não é verdade: como toda gente vê, está aberta ao público, apesar de não ter quase material nenhum, porque meteram o despedimento colectivo depois de ter entrado o Processo Especial de Revitalização (PER) sem autorização do administrador judicial", afirmou Inês Vieira.

A dirigente sindical e trabalhadora na loja de Viana do Castelo falava, nesta tarde, durante uma concentração que juntou os 28 trabalhadores daquela superfície comercial.

A sindicalista explicou que "o PER foi decretado dia 9 deste mês e o despedimento colectivo foi pedido no dia 15", pelo que, "a administração da empresa não o poderia ter feito sem o conhecimento do administrador judicial".

A Lusa tentou, na segunda-feira, obter esclarecimentos da empresa mas tal não foi possível.

Inês Vieira adiantou que os 183 trabalhadores das seis lojas que o grupo "anunciou que vai fechar" vão ainda "apresentar-se como credores no PER". 

"Temos até ao dia 31 de Dezembro para o fazer. Há trabalhadores que vão ser obrigados a suspender o contrato porque não têm possibilidades de sobreviver à falta de pagamento e, outros, que vão entrar com baixas", frisou.

A administração da empresa, segundo aquela sindicalista, alegou que "as lojas não dão rendimento" e denunciou que "há mais de seis meses que não há material para repor os stocks". Quanto aos pagamentos em atraso à empresa "não apontou prazos" por "esperar à de uma transferência internacional não se sabe de onde".

Segundo a União de Sindicatos de Viana do Castelo (USVC), que marcou presença no protesto, "os últimos trabalhadores do grupo deverão sair em Março de 2015". Até lá, garantiu o coordenador da USVC, Branco Viana serão "esgotados todos os mecanismos legais" para tentar travar "mais um encerramento sem razões aparentes". De acordo com o sindicalista "o grupo pretende ficar apenas com três lojas em todo o país e com cerca de duas dezenas de trabalhadores".

O deputado do Bloco de Esquerda João Filipe Soares, também presente na manifestação, exigiu a alteração da legislação no sentido de garantir "mais responsabilidade a qualquer pessoa que diz ser empresário".

"Este caso demonstra a forma como a nossa economia é construída com estes buracos que permitem que empresários saltem de empresa em empresa (...), deixando um rasto de destruição".

Sublinhou que "urge fazer alguma coisa", porque, sustentou, "se a lei fosse outra estes trabalhadores poderiam ter sido protegidos e os seus salários também". Defendeu ainda a necessidade de "repensar" os mecanismos legais do PER.

"É um contexto legal criado por este Governo que cria prazos muito curtos para os trabalhadores reagirem e garantirem os seus direitos e que limita a própria acção da Segurança Social no pagamento das indemnizações".

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