Toyota prepara entrada do seu banco de crédito em Portugal

O crédito dado por sociedades financeiras para a compra de automóveis por particulares cresceu 32% no segundo trimestre.

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Chegada do banco da Toyota a Portugal acontece numa altura em que o mercado automóvel continua a trajectória de crescimento REUTERS/Mike Blake

A Toyota está a abrir em Portugal uma delegação do seu banco de crédito. A subsidiária portuguesa do alemão Toyota Kreditbank obteve em Junho a autorização do Banco de Portugal para operar no mercado português e deverá arrancar em torno do final do ano, numa altura em que o mercado automóvel continua a crescer a dois dígitos.

O PÚBLICO contactou repetidamente a área financeira da Toyota em Portugal, mas não obteve respostas, excepto que a operação está a ser preparada. Para além da presença na Alemanha, o Kreditbank está já em França, na Suécia, Noruega, Espanha, Itália, Polónia e Rússia. O mercado alemão é o mais relevante, sendo aquele em que o banco regista 38% do total de créditos concedidos e 30% do volume de negócios, segundo o relatório anual de 2015 (que diz respeito ao período entre Março de 2014 e Março de 2015). A Rússia surge em segundo lugar da lista, com 29% do volume de negócios, embora apenas 13% dos créditos. Em terceiro, está a França, com 13% das receitas e 19% dos créditos. Perto de 5% de todos os empréstimos estão classificados como sendo de risco.

O resultado líquido do grupo encolheu naquele período quase 21%, passando de 80 milhões de euros no ano anterior para 63,4 milhões. “O grupo não foi capaz de alcançar a previsão de manter os ganhos globais ao nível do ano anterior”, reconhece o relatório. A quebra foi justificada sobretudo com o reembolso a clientes de custos administrativos que tinham sido cobrados, por imposição da justiça alemã (numa decisão que também afectou outras instituições de crédito). Segundo o relatório, o banco na Alemanha teve de pagar “um volume massivo de reembolsos”. Para além disso, a crise na Ucrânia levou a uma quebra de 25% nos contratos assinados no mercado russo. No entanto, o banco argumenta que, “no geral”, os resultados financeiros foram “satisfatórios”.

Para além da Toyota, também a BMW e a Volkswagen têm em Portugal sucursais dos seus bancos na Alemanha, enquanto a Mercedes tem uma sociedade financeira, segundo os registos do Banco de Portugal. A chegada do banco da Toyota acontece numa altura em que o mercado automóvel continua a trajectória de crescimento a dois dígitos, embora a um ritmo mais modesto do que o observado em 2014 e 2015, quando o sector recuperou da maior crise das últimas duas décadas. As vendas da marca nipónica estão também a subir (sensivelmente em linha com o mercado) e o crédito para compra de carro está a aumentar.

Entre Janeiro e Agosto deste ano foram matriculados 5624 ligeiros de passageiros da Toyota, segundo os dados compilados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP). É um aumento de quase 16% em relação a 2015, que traduz um desempenho ligeiramente acima da média do mercado, que tem estado em recuperação e já cresceu aproximadamente 15% este ano. A marca é a 13.ª que mais vende, com uma quota em torno dos 4%. Já nos carros comerciais, a Toyota afundou 36%, tendo vendido 791 unidades nos primeiros oito meses do ano. Por seu lado, a Lexus, a marca de luxo do grupo e com vendas muito menos significativas, matriculou 251 carros.

Por outro lado, números da Associação de Sociedades Financeiras para Aquisições a Crédito (ASFAC) indicam que, no segundo trimestre do ano, o crédito a particulares para a compra de automóveis cresceu 32% face aos mesmos meses de 2015, com o montante dos empréstimos para carros usados a ser duas vezes e meia superior aos créditos para veículos novos. A subida foi ainda mais acentuada no caso das empresas: os empréstimos concedidos cresceram 39%.

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