Tesouro avança para leilão de dívida a dez anos na próxima semana

IGCP realiza a 23 de Abril a primeira emissão de dívida de longo prazo sem apoio de um sindicato bancário desde a chegada da troika.

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Moreira Rato quer que o Estado entre em 2015 com dois terços das necessidades de financiamento asseguradas Miguel Manso

Será o primeiro leilão de dívida pública de longo prazo realizado pelo Tesouro português sem o apoio de um sindicato bancário desde a chegada da troika: na próxima semana, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública vai realizar um leilão de obrigações do tesouro com um prazo de dez anos, com o objectivo de obter entre 500 milhões e 750 milhões de euros.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira pelo IGCP, que agendou esta emissão para a manhã de dia 23 de Abril, um dia depois do início da última avaliação da missão da troika em Lisboa ao programa que acompanha o empréstimo de 78 mil milhões de euros negociado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

A entidade responsável pela gestão da dívida pública portuguesa já tinha anunciado que previa realizar um a dois leilões até ao final de Junho, “sendo esperadas colocações de 500 a 750 milhões de euros por leilão”, montante agora confirmado.

Desde Janeiro de 2013, o Tesouro já realizou quatro emissões de dívida de longo prazo (entre leilões de títulos com vencimento a cinco anos e a dez anos), mas todas as operações foram feitas através de sindicatos bancários, ou seja, com o apoio de um grupo de bancos responsável por procurar os investidores interessados.

Ao contrário dos leilões comuns, como o que foi agora anunciado, o Estado tem mais garantias de conseguir uma procura adequada (superior) ao montante a emitir. O IGCP, liderado por João Moreira Rato, lança-se agora nesta primeira emissão num momento de descida das taxas de juro da dívida portuguesa e de diminuição do risco associado às dívidas dos países da periferia da moeda única, mas sem estarem dissipadas as dúvidas quanto à capacidade do Estado em conseguir financiamento externo.

Este é considerado mais um passo no processo de regresso aos mercados, agora que o empréstimo de 78 mil milhões de euros está a terminar e o Governo ainda não oficializou qual o caminho para o período que se segue ao resgate.

A secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, sublinhou aos jornalistas no final do Conselho de Ministros realizado esta quinta-feira que a operação se enquadra “perfeitamente” no calendário anunciado pelo IGCP, que prevê a realização de “um a dois leilões de obrigações do tesouro (OT) durante o segundo trimestre”.

Um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostrava que Portugal foi, em 2013, um dos dois Estados-membros da instituição que tinham realizado todas as suas emissões de dívida de longo prazo através de operações sindicadas, em vez de leilões.

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