Taxas de juro já foram cortadas mais de 500 vezes desde o início da crise financeira

Contabilização feita pelo Bank of America.

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A reunião do G7 em Inglaterra Reuters

Os bancos centrais de todo o mundo já cortaram as taxas de juro mais de 500 vezes desde Junho de 2007, de acordo com uma contabilização feita pelo Bank of America, e citada neste sábado pela agência financeira Bloomberg.

De acordo com o Bank of America, a descida da taxa de juro na sexta-feira pelo banco central da Coreia do Sul foi o 511º corte, e desde então já o Vietname e o Sri Lanka anunciaram a intenção de descer a principal taxa de juro do país, num contexto em que o Banco Central Europeu colocou neste mês a taxa de juro directora no mínimo histórico de 0,5%.

A notícia surge no dia em que os ministros das Finanças do Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália e Japão, juntamente com os governadores dos bancos centrais e a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, recomeçam uma reunião de dois dias num luxuoso hotel do condado de Buckinghamshire, a norte de Londres.

Da reunião, que deve debater os desafios económicos que se põem a médio prazo e a melhor forma de conseguir uma recuperação económica apesar da crise da zona euro, não deverá sair qualquer decisão formal, aguardando-se, no entanto, um conjunto de declarações políticas que podem indiciar uma decisão comum a anunciar em Junho, quando a Rússia se juntar a estes países na reunião já agendada para 17 e 18 de Junho, na Irlanda do Norte.

Os encontros dos responsáveis financeiros destes países devem também colocar em evidência a divergência na abordagem da crise financeira e na sua resolução que existe entre os Estados Unidos da América e a Europa.

O secretário de Estado do Tesouro dos Estados Unidos, o equivalente ao ministro das Finanças na Europa, considerou que o seu país é um modelo por se focar no crescimento económico primeiro e só depois na consolidação orçamental.
Nas reacções citadas pela agência financeira Bloomberg, a França apoiou a ideia, mas quer o presidente do banco central alemão, quer o ministro das Finanças do Canadá, foram críticos, considerando a declaração "ambígua".

"Os americanos precisam de clarificar a sua posição nesta matéria", disse o canadiano Jim Flaherty, considerando que "parece que querem encorajar mais o crescimento económico do que a disciplina orçamental".

Esta troca de argumentos é a última de um conjunto de debates públicos sobre se a austeridade europeia está a agravar a recessão ou se, pelo contrário, está a criar as condições para um crescimento económico sustentável, sendo que a tese que privilegia a necessidade de relançar já a economia tem ganho, nas últimas semanas, mais adeptos, fruto do aprofundar da recessão no ‘velho Continente’.

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