Taxa negativa do BCE provocou aumento das transferências para o estrangeiro

Bancos nacionais reduziram excessos de liquidez penalizados pelo BCE passando mais dinheiro para o exterior.

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BCE cortou a taxa de juro dos depósitos para valores negativos Alex Grimm/ Reuters

A resposta dos bancos portugueses à redução para valores negativos das taxas de juro dos depósitos do BCE passou pelo aumento das transferências de recursos para o estrangeiro, revela um relatório publicado esta terça-feira pelo Banco de Portugal.

No Relatório do Sistema de Pagamentos relativo a 2014, a entidade liderada por Carlos Costa dedica parte da sua atenção para o comportamento dos bancos portugueses no sistema Target2 (o sistema de pagamentos interbancário que processa transferências na União Europeia) a partir do momento em que o BCE começou a exigir aos bancos que paguem juros pelos excedentes de liquidez que depositam no banco central.

Foi a 11 de Junho de 2014 que as taxas de juro impostas nos depósitos do BCE passaram para terreno negativo. O objectivo de Mario Draghi e os seus pares era o de evitar que os bancos tivessem o dinheiro parado no BCE e que de preferência aumentassem os empréstimos concedidos aos particulares e às empresas.

No caso dos bancos portugueses, um dos efeitos da medida, mostra o relatório do Banco de Portugal, foi um aumento das transferências de dinheiro feitas para fora do país. De acordo com os números publicados, entre a primeira metade de 2014 (até 10 de Junho) e a segunda metade do ano, registou-se um aumento de 31,5% (ou 177 milhões de euros) nas transferências transnacionais enviadas pelos bancos portugueses. Em contrapartida, nas transferências transnacionais recebidas, a subida foi apenas de 1,3%.

Estes números, diz o Banco de Portugal, “demonstram que este foi um dos meios utilizados para reduzir a liquidez”.

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O relatório não especifica para que tipo de investimento foi utilizado o dinheiro transferido nem analisa quais as consequências da medida do BCE nas práticas de concessão de crédito às empresas e famílias por parte dos bancos nacionais.

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