TAP só ficará pronta para nova ronda da privatização em Abril

Governo ainda espera vender companhia este ano, mas considera que deixar a venda resvalar para lá de Setembro diminuirá as possibilidades de concretização do negócio.

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Governo não relançará privatização sem ter um compromisso por parte de potenciais candidatos Paulo Pimenta

O trabalho que está a ser feito pelos assessores financeiros contratados pelo Estado para apoiar a privatização da TAP não deverá ficar concluído antes do início de Abril. O PÚBLICO apurou que os quatro bancos ainda estão a proceder a uma reavaliação da companhia e dos diferentes modelos de venda. Apesar de o Governo ter pedido que o cenário de dispersão em bolsa fosse estudado, esta hipótese continua a ser remota. A alienação de uma participação minoritária também está em cima da mesa.

O PÚBLICO sabe que o Citi, o Barclays Capital, o BESI e o Crédit Suisse ainda estão a trabalhar para dar resposta à solicitação do executivo: reavaliar a transportadora aérea, com base nos resultados de 2013, e apontar o melhor caminho para a segunda ronda da privatização, depois de a primeira ter falhado, em Dezembro de 2012, com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich.

Embora já sejam conhecidas as contas do negócio da aviação, que lucrou 34 milhões de euros no ano passado, superando em dez milhões os de 2012, ainda falta fechar os resultados da empresa de manutenção que a TAP tem no Brasil. Neste caso, e apesar de uma melhoria no lado operacional, haverá novamente prejuízos em 2013, ainda que se tenha conseguido uma redução face às perdas de 50 milhões registadas um ano antes.

Mas o maior desafio para os assessores será definir qual o melhor modelo para a venda do grupo, suportado pela garantia de que haverá investidores interessados em avançar nessas condições. O Governo não relançará esta privatização sem ter um compromisso por parte de potenciais candidatos, já que acredita não haver margem, política e empresarial, para um novo fracasso.

Tal como o PÚBLICO noticiou, o executivo pediu aos assessores financeiros, em Janeiro, para reavaliarem todos os cenários, incluindo o da dispersão de parte do capital da TAP em bolsa, mantendo no Estado uma participação da empresa. No entanto, não é expectável que seja seguido este caminho. Não existe ainda, porém, uma posição clara sobre o modelo a seguir, com o Ministério das Finanças e o Ministério da Economia a aguardarem pela conclusão do trabalho dos assessores, o que só deverá acontecer em Abril.
Neste momento, na tutela de António Pires de Lima existe a abertura para um modelo que possa levar à venda de uma posição minoritária da companhia, já que a privatização de até 49% da empresa não impedirá a entrada de investidores de fora da Europa. Optar por uma fasquia superior já obrigará a respeitar essa regra comunitária.

O que é certo é que, para o Governo, deixar a venda resvalar para lá do terceiro trimestre diminuirá as possibilidades de concretização do negócio, que faz parte do programa acordado com a troika. Caso o relançamento do processo não ocorra até Setembro, é possível que a meta já não seja cumprida, visto que estão agendadas para 2015 as eleições legislativas e esta privatização está longe de ser pacífica, pelo que o executivo preferirá evitar acender a polémica nessa altura, até porque as receitas com a alienação de empresas do Estado já ultrapassaram largamente os 5000 milhões de euros exigidos pelas autoridades externas.

Além de Gérman Efromovich, que continua interessado na TAP, mantêm-se os contactos com o antigo dono e presidente da Continental Airlines, Frank Lorenzo, que está a trabalhar em conjunto com o empresário português Miguel Pais do Amaral. Estes investidores têm vindo a pedir informações sobre a companhia para decidir se avançam quando o processo for retomado.

Além dos sinais positivos da indústria, a TAP está hoje numa situação financeira mais propícia à venda. Os lucros de 2013 e a redução da dívida líquida de 791 para 585 milhões de euros, acrescidos às previsões de crescimento para este ano, em que receberá seis novos aviões, dão ao Governo um novo fôlego para concretizar o negócio. Com Luís Villalobos

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