Supervisor diz que é impossível garantir que não haverá outro colapso de um banco
Presidente do conselho de supervisão do BCE acrescentou que tudo será feito para assegurar solidez da banca portuguesa.
A presidente do conselho de supervisão do Banco Central Europeu disse nesta terça-feira que é impossível garantir que não haverá outro colapso de um grupo bancário, como no BES, acrescentando que tudo está a ser feito para assegurar a solidez da banca portuguesa.
"Não posso prometer que nunca mais haverá o colapso de um grupo bancário, não é possível, mas posso dizer que nunca estivemos tão bem equipados" para evitar uma nova situação dessas, afirmou nesta terça-feira Danièle Nouy, responsável pelo Mecanismo Único de Supervisão, na Comissão de Assuntos económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Danièle Nouy respondia à eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, que, a propósito do colapso do BES, questionou como é possível confiar nos supervisores quando não perceberam atempadamente os problemas do banco e perguntou qual o ganho de ser agora o Banco Central Europeu (BCE) a supervisionar directamente as instituições bancárias e se o novo sistema de supervisão seria suficiente para prevenir o colapso do BES.
Em resposta, a presidente do Conselho de Supervisão do BCE reconheceu não ter muitos conhecimentos sobre o que se passou no Banco Espírito santo (BES) e no Grupo Espírito Santo (GES), mas disse acreditar que se o banco ainda tivesse participado nos testes de 'stress' do BCE o ano passado - o que não aconteceu porque já tinha ido à falência - teriam sido percebidas falhas de capital e este teria sido obrigado a colmatá-las de modo a tornar-se mais sólido.
"Reconheço que não estou a responder directamente à questão que me fez. Vamos fazer o nosso melhor para que a banca portuguesa tenha êxito, necessitam de um sistema seguro e sólido em Portugal e faremos todos os possíveis para que isso aconteça", concluiu Nouy.
Ainda na audição de hoje na Comissão de Assuntos Económico, a responsável pela supervisão europeia considerou que a harmonização da regulação sobre capital dos bancos é fundamental para aumentar a qualidade do capital e, logo, a capacidade de os bancos de absorverem perdas.
Este ano, afirmou também, o BCE vai estar especialmente atento aos riscos que os bancos correm e à sustentabilidade dos seus modelos de negócio.
A francesa Danièle Nouy é a responsável máxima do Mecanismo Único de Supervisão, que engloba o BCE e as autoridades de supervisão nacionais. O sistema europeu de supervisão bancária é um dos pilares da futura união bancária.