Suinicultores entram no Pingo Doce de Braga e detectam falhas na rotulagem

Com a acção de sensibilização, produtores querem alertar consumidores para rótulos sem informação obrigatória.

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A mostra gastronómica vai contar com a participação de 18 restaurantes do concelho alentejano Rui Gaudêncio

Uma acção de sensibilização realizada neste domingo por cerca de 200 suinicultores no talho do Pingo Doce do Braga Parque concluiu que a lei está a falhar na Jerónimo Martins, que não cumpre a rotulagem na carne de porco.

Cerca de 200 suinicultores de todo o país chegaram em autocarros a Braga, entraram no Pingo Doce do Braga Parque vestidos com t-shirts brancas onde se lia “coma o que é nosso” e concentraram-se na área do talho e das montras de embalagens de carne sob o olhar atento de alguns seguranças daquele supermercado.

“Esta cuvete de costeletas de cachaço na realidade são costeletas de lombo, ou seja, é de pior qualidade e estão a mentir ao consumidor. Estão a vender gato por lebre ou, neste caso, estão a vender lombo por cachaço”, observava João Correia, porta-voz da iniciativa dos suinicultores portugueses.

A embalagem não tem rótulo a indicar onde e quando é que o animal foi abatido, não tem informação da qualidade organoléptica, nem tem o valor nutricional, explicou à Lusa João Correia, referindo que mais de 60% da carne de porco embalada naquela superfície comercial não tinha rótulo com aquelas informações, como manda a lei desde Abril deste ano.

“A única coisa que nos diz é o preço e a data de validade, não nos diz mais nada”, reconhece o suinicultor João Correia, reiterando que a lei não está a ser cumprida, assim como não está a ser feita a fiscalização necessária.

“Esta legislação entrou em vigor dia 1 de Abril deste ano e o que temos verificado nas acções que temos feito é a falta de cumprimento e a falta de fiscalização”, afirmou.

Segundo João Correia, o grupo Auchan, o Lidl e o Continente (Sonae) começaram a cumprir a lei. Contudo, “desgraçadamente para nós [suinicultores] e para o consumidor, o Pingo Doce continua a fazer de conta que nós não existimos”, acrescentou.

O porta-voz da iniciativa acusa o Pingo Doce de não rotular como deve de ser as embalagens e, no talho, a carne também não tem o rótulo.

Além do incumprimento da lei, João Correia sublinha ainda que o suinicultor português perde hoje, em média, 45 euros por porco que vende, ou seja, estão a vender “abaixo do custo de produção”, colocando em causa “200 mil postos de trabalho directos e mais 200 mil indirectos”.

A envergar t-shirts brancas com inscrições nas costas a dizer “escolha carne de porco portuguesa. Preço/qualidade/saúde/sabor: o equilíbrio perfeito”, os suinicultores iam chamando a atenção dos consumidores para o baixo preço pago aos produtores e para a falta de rotulagem na carne.

À Lusa, Luísa Neves, 56 anos, de Leiria, contou que costuma comprar carne portuguesa e garante que “não compra carne sem estar bem identificada”.

Vítor Souto, 62 anos, empresário, andava a passear os seus filhos gémeos com um mês de vida e disse à Lusa que achava muito bem a acção dos suinicultores portugueses.

“Eu só compro carne portuguesa e produtos portugueses”, assumiu, referindo que o preço que se está a pagar aos produtores é “muito baixo”.

À acção de sensibilização de hoje dos suinicultores portugueses somam-se mais três este mês, que decorreram nos dias 05, 13 e 17 de Dezembro.

Estão registados em Portugal cerca de quatro mil suinicultores industriais, havendo no total quase 14 mil explorações e Portugal produz cerca de 55% da carne de porco que consome.

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