Sucesso de Mário Centeno depende do forte apoio de Costa

Eduardo Catroga diz que Centeno tem "todas as condições para ser um bom ministro das Finanças".

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Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças do PSD. Enric Vives-Rubio

O ex-governante Eduardo Catroga considerou nesta quarta-feira que o sucesso de Mário Centeno na liderança do Ministério das Finanças depende do "apoio determinado" do próximo primeiro-ministro, António Costa, que não pode ceder a "tentações" de partidos mais à esquerda.

"Mário Centeno é um académico de alto gabarito e tem todas as condições de formação técnica para ser um bom ministro das Finanças. Mas ninguém consegue ser um bom ministro das Finanças sem o apoio determinado do primeiro-ministro no alcance dos objectivos", afirmou o economista.

E realçou: "Mário Centeno conseguirá ser um bom ministro das Finanças, na minha análise, se conseguir ter o apoio determinado, sem tentações à esquerda, de António Costa".

Catroga prestou estas declarações aos jornalistas à margem do Fórum Novos Caminhos para o Crescimento, organizado pela Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF), num hotel em Lisboa.

Questionado sobre o modo como observa a actualidade política do país, Catroga assegurou que olha "com normalidade" para os últimos acontecimentos.

Ainda assim, considerou que houve uma quebra na tradição política com a união entre os grupos parlamentares de esquerda que derrubou o Governo de Passos Coelho.

"Eu costumo dizer aos meus amigos socialistas que o actual momento político, pós-eleições, levou à quebra de alguma tradição na democracia portuguesa. É aquilo que eu chamo de direito constitucional consuetudinário [que assenta nos costumes]", lançou.

E insistiu que "até aqui, quem formava governo era o partido mais votado. Portanto, a tradição foi quebrada", acrescentando que "até aqui, quem indicava o presidente da Assembleia da República era o partido mais votado", algo que também não aconteceu.

"O que eu digo, fazendo a análise da política económica no horizonte longo, para já não ir aos tempos de Mário Soares e outros, mas desde os tempos de Guterres que a política económica do Partido Socialista, tal como no tempo do Sócrates, foi errada, contribuindo e muito para a criação de desequilíbrios na economia portuguesa e para o fraco crescimento económico potencial", afirmou.

"Agora, espero sinceramente - a bem do país - que o novo Governo minoritário do Partido Socialista, com o apoio dos partidos mais à esquerda do espectro político, consiga desenvolver uma política económica e financeira que continue o caminho do Governo nos últimos anos, no sentido de consolidar o processo de recuperação das finanças públicas, o processo de recuperação do desequilíbrio externo, o processo de recuperação do crescimento económico", assinalou.

E concluiu: "No fundo, o programa [de Governo] do Partido Socialista tem esses objectivos e eu espero que consigam concretizá-los e que quebrem a tradição do Partido Socialista normalmente ter políticas económicas e financeiras de pouco rigor".

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