Standard and Poor’s corta rating do BES e do BESI

Para a agência, eventuais perdas associadas à exposição directa do BES às entidades do ESFG e à Rioforte podem anular benefício do aumento de capital.

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A S&P considera que a mudança na equipa de gestão do BES vem dar “capacidade efectiva” de tomada de decisão Rita Chantre

A Standard and Poor's baixou nesta quarta-feira o rating do Banco Espírito Santo (BES) e da sua subsidiária BES Investimento (BESI), de B+ para B- no caso do BES e de B para C no caso do BESI.

Em comunicado, a agência de notação financeira acrescenta que as notas de crédito podem ser novamente cortadas, já que se encontram em observação ('creditwatch') com implicações negativas.

No caso do BES, a S&P baixou o rating [avaliação] em dois níveis e, no caso do BESI, o corte foi de seis níveis.
A S&P considera que a posição de capital do BES “enfraqueceu, devido às elevadas perdas que, segundo as expectativas [da agência], é provável que ocorram, tendo em conta a exposição direta ao Espírito Santo Financial Group (ESFG) às suas subsidiárias e à Rioforte”.

A instituição refere que poderá efectuar novos cortes ao rating do BES se houver fluxos de levantamento de depósitos do banco pelos clientes ou se as perdas potenciais relacionadas com a exposição do BES e as ligações do banco ao Grupo Espírito Santo (GES) forem maiores do que o previsto no cenário base, o que a S&P dizer ser provável.

A Standard and Poor’s considera que o ESFG “poderá reportar novas imparidades relacionadas com a sua exposição ao Espírito Santo International e a outras entidades do GES”, além da provisão de 700 milhões de euros que foi incluída nas contas de 2013.

Para a Standard and Poor’s, “as potenciais novas perdas associadas à exposição directa do BES às entidades do ESFG e à Rioforte podem ser de uma magnitude que anule o benefício do aumento de capital recente do BES”.

Quanto à mudança na equipa de gestão do BES, a S&P afirma que isso foi “inesperado” e considera que se tratou de uma medida para “tentar proteger o BES dos desenvolvimentos das entidades do Grupo Espírito Santo e para dar ao BES capacidade efectiva de tomada de decisão para lidar com os desafios que enfrenta”.

No entanto, para a agência de rating, isso “não mitiga os elevados riscos” de um impacto financeiro negativo para o BES.
Quanto à possibilidade de o BES receber ajudas do Estado português, a Standard and Poor’s refere que há uma probabilidade de isso acontecer, tendo em conta os ratings baixos do banco e a “importância sistémica” do BES para o sector financeiro português.

Nas últimas semanas, foram sendo tornados públicos vários problemas em empresas da área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES), que têm levantado receios de contágio ao BES, cuja gestão acabou de mudar de mãos.

O novo presidente executivo do BES, Vítor Bento, que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado, disse na segunda-feira, dia em que entrou em funções, que a prioridade no banco é “reconquistar a confiança dos mercados” e pôr fim à especulação.

O Banco de Portugal já veio várias vezes a público garantir a solidez financeira do BES, e o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, também já tranquilizou os depositantes do banco.

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