Standard and Poor's coloca rating da banca portuguesa em vigilância negativa

A Standard and Poor's afirma que a decisão de colocar o rating dos bancos em vigilância negativa vai provavelmente resultar em cortes das notas atribuídas.

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A Caixa apresentou prejuízos de 181,6 milhões de euros GONÇALO PORTUGUÊS

A agência de notação financeira Standard and Poor's colocou nesta sexta-feira sob vigilância negativa os ratings atribuídos aos bancos portugueses, depois de ter feito o mesmo à nota da dívida de longo prazo de Portugal ('BB').

"Os factores que nos podem levar a cortar [o rating] de Portugal também podem ter implicações negativas na nossa visão da capacidade de conceder crédito da indústria bancária portuguesa no geral", justifica a agência em comunicado hoje emitido.

A instituição confirmou os ratings de longo prazo da Caixa Geral de Depósitos ('BB-'), do BCP ('B'), do BES ('BB-'), do BPI ('BB-') e do Santander Totta ('BB'), colocando todas as notas em vigilância negativa, o que significa que poderá haver cortes no curto prazo.

A Standard and Poor's afirma que a decisão de colocar o rating dos bancos em vigilância negativa vai muito provavelmente resultar em cortes das notas atribuídas "em mais de um nível", pelo que também colocou o rating de curto prazo da banca em vigilância negativa.

"Acreditamos que há riscos crescentes aos ambiciosos objectivos de consolidação orçamental de Portugal e [que há] uma probabilidade maior de um não cumprimento do actual programa" de assistência financeira, acordado com a troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), adianta.

A Standard and Poor's refere ainda que entre os riscos estão a capacidade de implementação das medidas previstas no âmbito da reforma do Estado, que têm sido alvo de chumbos pelo Tribunal Constitucional, mas também "um desempenho económico mais fraco do que o esperado" e o "ressurgimento de tensões políticas".

Todos os factores combinados podem "levar a atrasos no Orçamento de 2014 ou nas revisões [regulares] ao programa" de assistência financeira, alerta a agência.

"Também há um risco crescente de Portugal não reganhar um acesso completo aos mercados de capital no início do próximo ano e de o Governo português pedir um segundo programa de apoio oficial (…) Além disso, uma alteração na avaliação da sustentabilidade da dívida de Portugal pode aumentar substancialmente a possibilidade de ocorrer alguma forma de reestruturação da dívida comercial", argumenta a instituição.

Quanto ao impacto deste cenário no sector bancário português, a Standard and Poor's considera que "o risco económico pode aumentar os desafios significativos que o sistema bancário já enfrenta, o que iria provavelmente resultar em perdas de crédito severas para os bancos".

 

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