Sonae quer atingir as 100 lojas Meu Super este ano

Rede fechou 2013 com 70 unidades. Metade dos empresários estrearam-se, pela primeira vez, no retalho alimentar. Expansão internacional “fará sentido”, admite a empresa.

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Primeira loja Meu Super abriu em 2011 Enric Vives Rubio

A Sonae quer chegar ao final do ano com 100 lojas Meu Super, a rede de pequenos supermercados de proximidade geridos por empresários independentes. No primeiro trimestre, o grupo (dono do Continente e do PÚBLICO) contava com 80 unidades, dez das quais abertas entre Janeiro e Março. Até ao final do mês, está prevista a abertura de cinco lojas.

Eunice Silva, directora do canal grossista da Sonae MC, a empresa a que pertence o negócio alimentar, admite que a expansão internacional “fará sentido”, mas para já a intenção é expandir no mercado nacional. “Neste momento o foco é Portugal. Ainda não estamos presentes no Algarve e também gostaríamos de ter lojas nas ilhas”, adianta. Em 2013, os supermercados Meu Super tiveram receitas de mais de 20 milhões de euros e criaram 50 novos postos de trabalho. Eunice Silva adianta que, ao logo do ano passado, o ritmo de aberturas foi de uma unidade por semana.

“O objectivo, este ano, é ter cobertura total no território português, com enfâse nos centros urbanos, mas também no interior. Queremos ser o mais abrangentes possível. Temos lojas em toda a linha do Oeste e algumas zonas interiores, à volta de Coimbra, Leiria, Viseu”, descreve. A Sonae tem sete pessoas dedicadas ao projecto Meu Super, que arrancou com a abertura da primeira unidade em 2011. O modelo de negócio é semelhante ao de um franchising mas sem custos de adesão. Os empresários não pagam percentagem sobre as vendas mas em contrapartida têm de se abastecer no grupo. Os custos com a remodelação da loja – com um formato pré-definido – cabem ao comerciante.

A Sonae não abastece outras lojas, nem está no negócio grossista. Eunice Silva garante que só o Continente e o Meu Super vendem os produtos da marca da cadeia de distribuição. Questionada sobre um possível abastecimento à restauração, a responsável garante que “neste momento não está previsto”.

Metade dos empresários que detêm os pequenos supermercados de proximidade – com dimensões entre os 100 e os 500 metros quadrados – não estavam ligados a este negócio. A outra metade, investiu no conceito para revitalizar a sua loja. Há quem tenha mais do que um supermercado (entre dois ou três), mas a intenção da Sonae não é replicar muito este modelo. “É um negócio de muita proximidade ao cliente e, por isso, a permanência do dono da loja é muito importante para o serviço prestado”, sublinha Eunice Silva.

O investimento nos estabelecimentos de bairro surgiu numa altura em que a crise provocou o encerramento de pequenas lojas independentes e de cadeias grossistas que abasteciam, não só comércio, como a restauração. Os últimos dados da Kantar Worldpanel, empresa de estudos de mercado, indicam que apesar das insolvências e falências, o comércio tradicional está a ser procurado pelos portugueses para compras de última hora, convenientes e perto de casa.

A quota de mercado destas lojas do ramo alimentar manteve-se nos 7,7% em 2013, tal como em 2012. Entre 2011 e 2012 registou-se mesmo um aumento (de 7,3% para 7,7%). Ao mesmo tempo, conceitos como o discount têm perdido terreno desde 2010, de 23,2% para 19%, e estão também a adaptar os seus produtos às necessidades mais básicas dos clientes: produtos frescos, pão do dia e até mesmo peixe.

Eunice Silva sublinha que foi a tendência da proximidade que levou a Sonae a avançar com o projecto. Além disso, o grupo “tem experiência acumulada de mais de três décadas e, hoje, mais do que nunca sente-se preparado para partilhar este conhecimento com empresários locais”.

Jerónimo Martins com planos para abrir mais 50 lojas Amanhecer
Os dois maiores grupos de distribuição deram os primeiros passos nas lojas em bairro no mesmo ano, em 2011. A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, já tinha negócios no canal grossista, com o Recheio, e lançou os supermercados Amanhecer nos centros urbanos, aproveitando o conhecimento que já tinha no abastecimento de produtos a empresários. Até ao final do ano passado, tinha 53 lojas, mais 27 do que em 2012. E a intenção é “abrir no mínimo 50” este ano, lê-se no mais recente relatório e contas do grupo.

Nestes estabelecimentos, geridos por empresários independentes, entre artigos mais conhecidas da indústria, vendem-se também produtos “Amanhecer”, a marca própria do Recheio que já conta com 290 referências. As vendas destes artigos aumentaram 21% em 2013.

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