Sócio da Oliver Wyman garante que nunca actuou no Banif num quadro de conflito de interesses

Rodrigo Pinto Ribeiro está a ser ouvido nesta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito.

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Rodrigo Pinto Ribeiro, sócio da Oliver Wyman Rui Gaudêncio
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O cenário de resolução do Banif começou a ser preparado em Maio de 2012, referiu Rodrigo Pinto Ribeiro, sócio da Oliver Wyman, que desde essa data até à resolução a 20 de Dezembro de 2015 esteve a prestar serviços de consultoria ao Banco de Portugal (BdP) e ao Ministério das Finanças. O consultor, que está a ser ouvido nesta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, recusou a crítica que lhe foi dirigida pelo ex-presidente do Banif, Jorge Tomé, de que actuou no dossier de recapitalização e de resolução da instituição num quadro de conflito de interesse.

"Em nenhum momento houve alusão a qualquer tipo de conflito de interesses", clarificou Pinto Ribeiro, adiantando "que quer o BdP, quer as Finanças tinham total conhecimento desse facto".

O consultor explica ainda que "a par de outros assessores, a Oliver Wyman apoiou periodicamente, ao longo de três anos e meio, o Ministério das Finanças e o BdP” no âmbito do processo de recapitalização dos bancos portugueses que viriam a receber injecções de capital público [CGD, BCP, BPI e Banif]". Os planos entregues às Finanças destinavam-se a sustentar a negociação com a Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia que intervinha por estarem em causa auxílios do Estado. 

No que diz respeito ao BdP, o trabalho da consultora foi desenvolvido em períodos diferentes. Entre Setembro e Outubro de 2012, "na avaliação e planeamento de um cenário de contingência para o Banif, para o caso de a recapitalização pública não ocorrer". E "em Agosto e Setembro de 2013, estivemos a avaliar diferentes cenários de intervenção e resolução para o Banif, nomeadamente a nacionalização, a resolução com venda de activos e passivos, a constituição de um banco de transição e a liquidação". 

A Oliver Wyman voltaria a ser chamada pelo BdP, "entre Outubro e Dezembro de 2015", para colaborar "na avaliação preliminar dos activos do Banif, que permitisse estimar o custo de diferentes cenários de contingência", já definidos pelo supervisor, bem como "para monitorizar o processo de venda privada em curso do Banif [que não se efectuou]". A consultora esteve ainda a colaborar com o BdP "no cenário em que viesse a ser aplicada uma medida de resolução" e "na execução dessa resolução". Pelos serviços prestados na fase final, a Oliver Wyman recebeu do BdP 1,8 milhões de euros. 

Na sua declaração inicial na comissão de inquérito, Pinto Ribeiro revelou que "ao longo deste período e dos vários trabalhos efectuados para o BdP, o perfil e a dimensão das equipas da Oliver Wyman variou entre os cinco os 15 elementos". 

 

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