Sites da Volkswagen e Skoda em Portugal identificam carros afectados

Prazo dado pelas autoridades alemãs para um plano de acção termina quarta-feira.

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Em Portugal, há 117 mil carros do grupo afectados Reuters

Os proprietários de veículos Volkswagen e Skoda em Portugal poderão verificar nos sites de cada marca se os veículos incluem o sistema que falseia os resultados dos testes de emissões.

Para verificar se tem um veículo afectado, o proprietário terá de inserir o número de chassis (aqui no caso da Volkswagen e aqui no da Skoda), que pode ser encontrado no livro de manutenção ou na parte inferior do pára-brisas. A Siva, que importa para Portugal as marcas Volkswagen, Audi e Skoda, comunicou que os clientes poderão entrar também em contacto com a empresa, pelo número 808 30 89 89 ou através do email apoio.clientes@siva.pt. Todos os carros afectados são a gasóleo.

O grupo alemão, que está a lançar funcionalidades semelhantes nos sites de vários países, já disse que pretende reparar os automóveis, sem custos para os clientes. “A Volkswagen assume total responsabilidade e suportará também o custo de todas as medidas necessárias”, explica o site da empresa em Portugal.

Ao todo, há cerca de 117 mil carros em Portugal com o sistema fraudulento, cuja descoberta lançou o grupo alemão numa crise profunda. Destes, 53.761 veículos são da Volkswagen (o que inclui automóveis comerciais). Os motores em causa (os motores diesel EA189) foram ainda usados em 31.839 carros da Audi e 8800 da Skoda. A estes somam-se 23 mil automóveis da Seat, que também faz parte do Grupo Volkswagen, e que em Portugal opera separadamente das restantes marcas.

Nesta quarta-feira termina o prazo dado pelas autoridades alemãs para que o Grupo Volkswagen apresente um plano de acção detalhado, sob pena de os carros afectados serem proibidos de circular nas estradas, o que traria problemas para os proprietários e seria uma catástrofe para o grupo. 

A empresa já desenrolou várias medidas para lidar com o escândalo. Disponibilizou informação para cada país, fez anúncios em jornais alemães a pedir desculpas, mudou de presidente executivo e arrancou com alterações na estrutura e modo de funcionamento.

Por ora, a possibilidade de despedimentos – com excepção de situações pontuais directamente relacionadas com o caso – está afastada.  “Neste momento, a boa notícia é que não há consequências para os empregos”, afirmou, citado pela revista Der Spiegel, o presidente do conselho de supervisão do grupo, Bernd Osterloh, num encontro de trabalhadores da empresa, nesta terça-feira. Acrescentou, porém, que o conselho vai rever os bónus da equipa executiva.

Por outro lado, o novo presidente-executivo, Matthias Mueller, anunciou que a empresa vai cortar os investimentos considerados não essenciais. “Vamos rever todos os investimentos planeados e o que não for absolutamente vital vai ser cancelado ou adiado”, afirmou o gestor naquele encontro. 

Não se sabe o impacto da fraude nas contas da multinacional. Nos EUA, a empresa arrisca uma multa teórica de 18 mil milhões de dólares, embora seja provável que o valor final seja significativamente inferior, dada a admissão de culpa e a colaboração com as autoridades.

A isto somam-se possíveis encargos com processos em vários países. Em Portugal, o ministro da Economia, António Pires de Lima, afirmou na semana passada que o Estado pretende ser ressarcido pelos impactos ambientais e não descartou a hipótese de estar em causa uma situação de fraude fiscal, dado que as emissões dos veículos são usadas para o cálculo de alguns impostos.

A reacção dos consumidores também não é clara. Em Portugal, as vendas em Setembro continuaram a crescer, tal como aconteceu com o resto do mercado automóvel.

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