Sindicatos alemães propõem plano Marshall para combater a crise na Europa

A DGB deseja contributos de outras centrais sindicais europeias. Pretende a criação de um imposto sobre as transacções financeiras para pagar investimentos de 200 mil milhões por ano.

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Fabian Bimmer/ Reuters

Os sindicatos alemães propõem que a crise na Europa seja ultrapassada por uma espécie de Plano Marshall à escala do continente,. Um pacote de mais de dois biliões de euros em dez anos, que crie postos de trabalho com investimento pago pelo sistema financeiro.

A ideia foi lançada pela Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB, na sigla em alemão), mas está aberta a contributos de outras centrais sindicais europeias, cujo envolvimento é desejado pelos alemães. Já chegou à chanceler, Angela Merkel, e deverá ser também enviado ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

“É um plano para investir no futuro da União Europeia, para criar mais e melhores empregos na Europa, um plano para investir na educação e na energia sustentável. São ideias do movimento sindical alemão e esperamos que outras centrais sindicais europeias se juntem ao nosso Plano Marshall com as suas ideias”, disse Christoph Hahn, um dirigente da DGB, à Rádio Renascença, que avançou com a notícia no site.

“Queremos que seja um investimento para dez anos e, em cada ano, queremos investir cerca de 200 mil milhões de euros na Europa”, sublinhou. O dinheiro seria obtido através de um novo imposto sobre as transacções financeiras, pondo os responsáveis pela crise a pagar este plano de ajuda, disse também à Renascença o mesmo dirigente da confederação de sindicatos alemães.

O Plano Marshall foi concebido nos EUA para ajudar a Europa Ocidental a recuperar da destruição sofrida durante a Segunda Guerra Mundial. Decorreu da doutrina do Presidente Truman, anunciada em 1947, e que consagrou o rompimento com a União Soviética e o investimento na Europa Ocidental, para combater o comunismo e assegurar a hegemonia dos EUA. Foi baptizado com o nome do general George Marshall, secretário de Estado à data, e investiu 14 mil milhões de dólares na recuperação europeia entre 1948 e 1952 – o que representava cerca de 140 mil milhões em valores ajustados da inflação em 2006.

A DGB tem no seu site uma página em que apresenta as ideias para este plano e as principais rubricas de financiamento. O texto tem data de 8 de Dezembro. Porém, apenas agora foi noticiado em Portugal, por ocasião da deslocação de Christoph Hahn a Lisboa, para intervir na conferência internacional “As respostas dos consumidores à crise”, organizada pela União Geral de Consumidores, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert.

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