Sindicato insiste na isenção de cortes salariais para a CGD

Representante dos trabalhadores confirma notícia avançada pelo PÚBLICO e reitera ideia de que é justo isentar os trabalhadores do banco público, que já foi mais longe, diz o sindicato, do que o Governo pedia na redução da despesa.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da CGD defendeu nesta terça-feira que a empresa deve continuar isenta dos cortes salariais impostos no Orçamento do Estado (OE) para 2013, porque vive em concorrência e já reduziu mais despesa do que a pedida pelo Governo.

“Continuamos a ser discriminados à luz de duas situações claras e indesmentíveis”, ou seja, mesmo “actuando num sector concorrencial como é a banca, somos sujeitos a cortes”, afirmou João Lopes em declarações à Lusa. Por outro lado, alegou o sindicalista, o Governo já reconheceu que o grupo, “por actuar em concorrência, não pode ter quaisquer reduções salariais”.

O sindicalista confirmou a notícia avançada pelo PÚBLICO nesta terça-feira, de que os vencimentos de Janeiro não foram sujeitos aos cortes salariais impostos à Função Pública e ao sector empresarial do Estado pelo OE 2013, mas referiu que o subsídio de férias “foi amputado em 5% a 20% consoante os rendimento e só o remanescente é que foi dividido em duodécimos”.

Por isso, sublinhou, João Lopes considera que os funcionários da Caixa Geral de Depósitos têm sido “negativamente discriminados”, dando como exemplo que “a redução pedida em 2011 foi de 5%, mas na CGD chegou aos 8,4%”.

“O que conta é a redução da despesa conseguida” e não o sítio onde é feita, defendeu o mesmo representante, lembrando que os funcionários do banco do Estado perderam dinheiro que recebiam em forma de prémios de produtividade e de mérito.

“As contas feitas pela CGD e apresentadas ao Governo foram muito superiores em termos de redução de despesa em relação àquilo que era pedido. Por isso, o que é que podem querer mais de nós?”, questionou.

Confrontado com o facto de o OE 2013 impor a todos os trabalhadores a manutenção (no caso da CGD, a adopção) de reduções salariais entre 3,5% e 10% para salários superiores a 1500 euros brutos e ter eliminado a possibilidade de haver excepções – como foram os casos da CGD e da TAP nos últimos dois anos –, João Lopes indignou-se.

“Se não podia haver essas excepções, então muita coisa que se passa aqui dentro também não podia haver e houve. Por exemplo, nós teríamos de receber um subsídio de natal intacto”, defendeu, sublinhando que “cada empresa é um mundo em termos de actuação e de actividade”.

Para João Lopes, se a empresa “levasse à risca o que os Orçamentos do Estado prevêem, tinha de fechar. Por exemplo, não podia haver nomeações de pessoas e, se não há nomeações e as pessoas vão morrendo ou vão para a reforma, como é que isto funcionava?”.

Contactado pela Lusa, o Ministério das Finanças remeteu esclarecimentos para mais tarde.

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