Segundo maior acionista da Holcim está contra fusão com a Lafarge

O russo Filaret Galchev não concorda com os termos de troca de acções pelos títulos da nova companhia.

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A fusão da francesa Lafarge e da suíça Holcim, que a concretizar-se dará origem ao maior grupo cimenteiro mundial, está a regressar ao terreno das polémicas. Depois de as direcções dos dois grupos terem conseguido aplacar divergências que estavam a complicar o avanço do processo, surge agora o segundo maior accionista da Holcim a afirmar que votará contra a combinação de negócios se os termos de troca não forem alterados.

O accionista em causa é o russo Filaret Galchev, um empresário do sector mineiro que a certa altura entrou no negócio da construção e do cimento, mercado no qual detém, actualmente, uma quota de mercado de 30%. Galchev detém cerca de 11% do capital da Holcim e só é ultrapassado pelo herdeiro do império familiar, Thomas Schmidheiny (quase 21%).

A posição assumida pelo empresário russo, cuja fortuna a revista Forbes estima ser de 4400 milhões de dólares (4070 milhões de euros), não põe directamente em perigo a aprovação da proposta de fusão, que a Holcim leva a assembleia geral no início de Maio e que passará se tiver o sim de dois terços das acções representadas. Mas constitui mais um percalço num processo que tinha arrancado no ano passado e que, entretanto, tinha conhecido uma série de problemas, que foram atrasando a combinação de negócios.

Os analistas não descartam a possibilidade de a posição de Galchev influenciar o voto do capital disperso em bolsa, que ascende a 59% do total, uma vez que os argumentos utilizados pelo empresário russo têm a ver com a valorização que os títulos da Holcim terão na empresa que resultar da fusão.

Quando o negócio foi apresentado, a proposta era a de que os termos de troca seriam idênticos para os títulos das duas companhias. Mas a pressão que a Holcim entretanto exerceu acabou por ditar uma alteração do rácio, na base de um acordo estabelecido há cerca de uma semana. Assim, os accionistas da empresa suíça teriam que ceder 0,9 acções por cada uma da nova empresa, enquanto os da Lafarge trocariam uma acção actual por uma da companhia que resulta da fusão.

Filaret Galchev considera que, mesmo assim, o acordo não valoriza devidamente a cimenteira suíça, que no âmbito das negociações para a fusão já tinha conseguido que o actual presidente executivo da Lafarge, Bruno Lafont, não mantivesse o cargo na futura companhia. E o problema é que o empresário russo não está sozinho. Numa notícia publicada no domingo, a agência Bloomberg sustentava que há alguns fundos de investimento que reúnem cerca de 5% do capital da cimenteira que estão a ser aconselhados a não aprovar a fusão e que o terceiro maior accionista, Harris Associates, ainda não tomou uma posição sobre o seu sentido de voto, mas considera que os termos propostos para a fusão “não são perfeitos”.

Se a fusão avançar, a nova companhia terá uma capitalização bolsista de perto de 45 mil milhões de euros e uma presença activa em cerca de uma centena de países. A fusão deverá potenciar sinergias anuais de 1400 milhões de euros num grupo ficará a dar emprego a 161 mil pessoas.

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