Schäuble volta a dizer que Portugal tem de "contrariar as inseguranças nos mercados financeiros"

Ministro das Finanças alemão repetiu os alertas que tinha feito ontem.

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AFP /THIERRY MONASSE

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou esta sexta-feira que Portugal "tem de fazer tudo ao seu alcance para contrariar as inseguranças nos mercados financeiros", referindo que o "bom caminho ainda não permite estar bem".

Em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin), em Bruxelas, Schäuble, referiu que o seu homólogo português, Mário Centeno, "sabe que Portugal tem de fazer tudo ao seu alcance para contrariar as inseguranças nos mercados financeiros". "Porque, naturalmente, sabe que Portugal estava no bom caminho. Mas este bom caminho ainda não permite a Portugal estar bem. É este o ponto da situação. Trata-se apenas do desejo de não voltar a ter de novo os problemas que existiam há alguns anos em Portugal", afirmou.

Schäuble assumiu que os ministros europeus assistem com "preocupação" aos aumentos das taxas de juros da dívida portuguesa nos mercados financeiros. "É isso que nos preocupa e todos os ministros das Finanças têm conhecimentos suficientes para saber que isto representa uma carga adicional para o Orçamento", observou, acrescentando que as autoridades nacionais devem "evitar qualquer situação geradora de insegurança nos mercados". "E aparentemente foram criadas algumas inseguranças. E isto foi devidamente apontado pela Comissão", disse.

Já na quinta-feira, à entrada para a reunião dos ministros da zona euro, Schäuble tinha notado a necessidade de Portugal não se desviar do caminho, até porque os mercados tinham mostrado algum nervosismo. "Vamos continuar a encorajar firmemente os nossos colegas portugueses a não se desviarem do caminho de sucesso até agora percorrido", referiu o ministro, indicando que os "mercados estão a ficar nervosos".

Por seu lado, na conferência final do Eurogrupo, o director do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, Klaus Regling, afirmou ter sido "tranquilizador" que Portugal se tenha comprometido a preparar medidas adicionais que podem ser necessárias, já que os mercados reagiram negativamente às incertezas orçamentais.

O Eurogrupo subscreveu na quinta-feira a análise da Comissão Europeia, que na passada sexta-feira deu "luz verde" ao plano orçamental depois de Lisboa ter apresentado medidas adicionais, cujo impacto global estimado variará entre os 970 milhões de euros (expectativas de Bruxelas) e os 1125 milhões de euros (projecções do Governo). A diferença de 155 milhões de euros não impediu a Comissão de dar o seu aval ao projecto orçamental, embora apontando para os riscos de incumprimento. O Eurogrupo pediu a Portugal para trabalhar em medidas adicionais, que podem ser aplicadas, se necessário, para garantir que o país cumpre os compromissos europeus.

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