Schäuble revela que 15 países do Eurogrupo apoiavam Grexit, Portugal incluído

Ministro das Finanças alemão afirma que apenas França, Itália e Chipre se opuseram.

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Schäuble diz que, se "a própria Grécia fosse da opinião de que essa seria a melhor solução para si", então, devia ser apoiada. REUTERS/Joshua Roberts

O ministro das Finanças alemão revelou, numa entrevista ao jornal francês Libération, que 15 dos seus homólogos do Eurogrupo, entre os quais Maria Luís Albuquerque, apoiavam em Julho a ideia de uma saída temporária da Grécia da zona euro.

"Relativamente à questão e saber se, para a Grécia, a melhor solução não seria sair do euro por um certo tempo – um timeout –, 15 ministros das Finanças partilharam essa opinião. Só os ministros francês, italiano e cipriota não seguiram essa linha", afirmou Wolfgang Schäuble, numa entrevista concedida ao Libération.

A 5 de Maio deste ano, a ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque negou em declarações à Bloomberg que estivesse a ser preparado um plano B para Atenas, mas admitia que, se a Grécia saísse do euro, seria uma situação preocupante. Na altura alegou que o Eurogrupo ainda esperava “conseguir um acordo com a Grécia, apesar de admitir que as negociações têm sido difíceis”.

Poucas semanas depois, a 24 do mesmo mês, Maria Luís Albuquerque, afirmava que a saída da Grécia da zona euro era um tema que continuava “muito em cima da mesa”, mas sublinhava que essa era “uma escolha que depende dos gregos” e que tinha esperança que fosse possível resolver o processo “bem”.

O ministro alemão explica que numa reunião do Eurogrupo, a 11 de Julho, colocou essa possibilidade sobre a mesa porque sempre se interrogou, "como muitos economistas", se não seria melhor para a Grécia, face à sua situação económica e à sua administração, abandonar a zona euro durante um certo tempo, "para se restabelecer no plano económico e melhorar a sua competitividade, antes de regressar".

"Mas nunca defendi que expulsássemos a Grécia. Simplesmente disse que se a própria Grécia fosse da opinião de que essa seria a melhor solução para si – e eram efectivamente muitos na Grécia a dizerem que sim –, então, deveríamos ajudá-la e apoiá-la", afirma Wolfgang Schäuble.

Dois dias depois de a delegação alemã ter apresentado no Eurogrupo o cenário de uma saída ordenada e temporária da Grécia do espaço monetário único, os chefes de Estado e de Governo da zona euro acabariam por chegar a um acordo com o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras sobre um terceiro programa de assistência financeira, actualmente em vigor.

Quanto à decisão de Alexis Tsipras levar a referendo um novo programa, Schäuble refere que “ninguém compreendeu qual era a sua estratégia ou se a tinha realmente planeado”. O ministro germânico disse não compreender que o povo grego tivesse reprovado o acordo em referendo e que, depois de Tsipras o ter implementado, os mesmos gregos tenham aceitado esse revés. “Isso eu não compreendo, mas eu não sou grego”, concluiu.

A entrevista foi concedida no quadro de um documentário sobre "os seis meses de negociações loucas" entre a Grécia e a zona euro e hoje publicada pelo jornal francês.

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