Salvador Caetano reforça liderança nos autocarros para aeroportos com veículos eléctricos

Empresa vendeu os seis primeiros autocarros eléctricos ao aeroporto de Estugarda e tem mais quatro unidades a caminho de Genebra.

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O protótipo Caetano 2500 EL vai dar origem a um novo modelo eléctrico para o segmento urbano Manuel Roberto

São uma estreia mundial e têm selo português. Os primeiros autocarros de aeroporto 100% eléctricos, que produzem zero emissões poluentes, foram produzidos em Vila Nova de Gaia e vão ser apresentados oficialmente em Estugarda esta terça-feira. A Salvador Caetano Indústria, que venceu o concurso para seis unidades lançado pelo aeroporto alemão, entregará as chaves dos primeiros autocarros e.COBUS, produzidos na fábrica de Vila Nova de Gaia. Até ao final do ano, outras quatro unidades hão-de sair da unidade de produção da CaetanoBus com destino ao aeroporto de Genebra e já “há negociações com outros aeroportos para entregas em 2016”, avançou ao PÚBLICO o presidente da Salvador Caetano Indústria, José Ramos.

A CaetanoBus espera facturar este ano com os novos modelos eléctricos 2,1 milhões de euros, de um volume de negócios total esperado de 65 milhões de euros (mais dez milhões que no ano passado), repartidos pela Europa, Médio Oriente e Ásia.

Apesar de notar que a melhoria do volume de negócios denota alguma recuperação económica, José Ramos defende que o país necessita - “e no actual contexto político ainda mais”-, de um “pacto de regime para medidas cruciais”, particularmente nas áreas legislativas com impacto nas empresas. As alterações constantes “trazem incertezas para os investidores, sobretudo externos”, lembra José Ramos, para quem é preciso ir mais longe na flexibilização das leis laborais e para quem faltam “medidas de apoio à exportação”, que ajudem as empresas a fazer face a necessidades de capital para se internacionalizarem e investirem em modernização e inovação.

Cerca de 25 milhões de euros da facturação de 2015 serão assegurados pelo COBUS, o modelo de autocarros para aeroporto com que a Salvador Caetano lidera o mercado mundial, com uma quota superior a 70%. Ao todo serão quase 3500 as unidades a circular por aeroportos em mais de uma centena de países.

Na semana passada a empresa esteve na maior feira internacional do sector aeroportuário, a Inter Airport Europe 2015, em Munique, onde apresentou a nova geração deste modelo a diesel. O desenvolvimento do protótipo do novo COBUS (que tem chassis Mercedes Benz) representou um investimento de cerca de um milhão de euros. Se o fabrico é em Gaia, já a distribuição ficará a cargo da COBUS Industries na Alemanha e as primeiras encomendas serão entregues “a partir de Março de 2016”, ficando o modelo antigo descontinuado.

Para a empresa portuguesa, o potencial do COBUS não está só no novo modelo, mas também na frota de 3500 autocarros já espalhada pelo mundo. Isto porque o e.Cobus “assenta em duas soluções técnicas”. A primeira permite a reconversão de um veículo diesel em fim de vida num veículo com um novo design e com tração eléctrica e a segunda permite fabricar um e.COBUS de raiz totalmente eléctrico, pelo que as entidades aeroportuárias podem escolher entre uma e outra modalidade, mas com a reciclagem têm a possibilidade de poupar 100 mil euros. “O valor do e.COBUS situa-se, a custos actuais das baterias, em aproximadamente 450 mil euros, uma reconversão está estimada entre 320 a 350 mil euros”. Sem querer concretizar números, o presidente da Salvador Caetano Indústria diz que já há “algumas conversões encomendadas”. 

A empresa também pretende avançar em breve com o lançamento de uma nova unidade eléctrica para o segmento urbano, depois de duas unidades protótipo do Caetano 2500 EL (onde houve uma parceria com a Efacec para o sistema eléctrico) terem sido testadas no município alemão de Wiesbaden.

Pode o caso da Volkswagen pôr em causa a utilização dos motores a diesel? José Ramos escusa-se a comentar “um assunto sensível e externo” à Salvador Caetano. Mas reconhece que “a transferência gradual da actual motorização diesel para motorizações mais limpas parece ser uma tendência”. Ainda assim, destaca que o ritmo com que esta transformação vai ocorrer depende de uma série de variáveis. “O crescimento da mobilidade eléctrica está directamente relacionado com a capacidade de investimento dos operadores, a credibilidade percebida da solução técnica e a evolução dos custos dos combustíveis líquidos”, disse ao PÚBLICO. A equação é válida para “todos os outros segmentos” do mercado automóvel, mas “a questão é que, com esta inovação, a CaetanoBus criou as condições para tornar uma conversão mais fácil, rápida e acessível”, sublinhou o gestor. A Salvador Caetano já investiu “aproximadamente três milhões de euros no desenvolvimento de soluções de mobilidade eléctrica”, adiantou.

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