“Sacrifícios têm que ter aceitação da população”, diz Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal sublinha que o resultado do défice orçamental depende política orçamental e das condições externas.

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Mais “desemprego significa mais encargos sociais” para o Estado, avisa Carlos Costa Jorge Miguel Gonçalves/NFactos

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu nesta sexta-feira que o país precisa de concretizar um processo de ajustamento orçamental, destacando que o mesmo envolve sacrifícios, que têm que ser aceites pela população.

“O país tem que fazer um processo de ajustamento. E, qualquer que ele seja, envolve sacrifícios. Os sacrifícios têm que ter uma aceitação por parte do todo nacional, que é a população. Por isso, é muito importante a coesão, o entendimento, e que se perceba para que serve [esse ajustamento]”, afirmou aos jornalistas, à margem de uma conferência em Lisboa.

“O resultado em matéria de défice orçamental depende, em parte, da política orçamental seguida e, em parte, das condições externas”, realçou o governador, justificando os números da execução orçamental do primeiro trimestre, hoje divulgados, com a grave crise económica que a Europa atravessa.

“Há condições externas particularmente adversas neste momento, que têm a ver com a recessão europeia, que tem impacto sobre a economia portuguesa e sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e o rendimento. Tendo impacto sobre o rendimento e o PIB, têm esse impacto por duas vias: sobre os impostos, porque menos actividade significa menos impostos, e têm impacto sobre a despesa, porque menos actividade significa mais desemprego”, sublinhou. “E mais desemprego significa mais encargos sociais a cargo do Orçamento de Estado”, salientou Carlos Costa.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) informou nesta sexta-feira que o défice orçamental das Administrações Públicas atingiu os 10,6% no primeiro trimestre do ano, o que compara com um valor nominal do défice de 7,9% registado no período homólogo de 2012 e justificou este valor, entre outros aspectos, com a reclassificação dos 700 milhões gastos pelo Estado no aumento de capital do Banif, que passaram a ser incluídos nos cálculos do défice em contas nacionais.

No entanto, sem a inclusão desta operação, que equivale a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), o défice orçamental das Administrações Públicas teria ficado nos 8,8% até Março, uma décima acima do limite máximo estimado pela equipa de técnicos que trabalha junto da Assembleia da República, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
 

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