Ryanair quer ultrapassar a TAP em dois anos no aeroporto de Lisboa

Companhia irlandesa quer ultrapassar a EasyJet dentro de um ano e desafia o território da TAP no aeroporto da Portela.

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Companhia aérea prevê a criação de quatro mil postos de trabalho em Lisboa e no Porto DOMINIQUE FAGET / AFP

O presidente da Ryanair, Michael O’Leary, afirmou que a companhia aérea de baixo custo pretende “ultrapassar a TAP entre os próximos 18 meses a dois anos”, previsão que a colocaria numa posição dominante no transporte de passageiros do aeroporto de Lisboa, acrescentando que este crescimento “depende de discussões que estão a decorrer com a Vinci”, a nova detentora da gestora aeroportuária ANA.

Após uma conferência de imprensa, realizada quarta-feira em Londres, o presidente da companhia low-cost afirmou ainda, questionado por jornalistas à margem do evento, que a Ryanair pretende “ser o número dois em Lisboa, no prazo de um ano”, ultrapassando a EasyJet, que tem uma quota de mercado de passageiros de 10% que a coloca logo a seguir à TAP. A companhia área portuguesa domina actualmente o topo da lista de companhias aéreas a operar no aeroporto da Portela, com um volume de transporte de viajantes de 59%.

A Ryanair já é líder de mercado no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, com 41% dos passageiros movimentados, e no aeroporto de Faro, com 30%, de acordo com os dados estatísticos do último trimestre do ano passado divulgados pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).

A empresa irlandesa quer uma quota de mercado de 16% até ao final do ano, através do transporte de “cerca de 5 milhões de passageiros” a nível nacional. No ano passado, os aeroportos portugueses movimentaram 32 milhões de passageiros.

O'Leary quer TAP privada
Quando questionado acerca da privatização da TAP, Michael O’Leary disse que a companhia “devia ser vendida à British Airways e à Ibéria”, reunidas na IAG, e afirmou que a empresa “precisa de melhores parceiros do que o Governo português”. A alienação de capital da companhia aérea portuguesa está nos planos do Governo, mas ainda não arrancou formalmente a segunda tentativa de venda, após o falhanço do negócio com Germán Efromovich.

Outras novidades para a capital portuguesa passam por um aumento do número de aviões com base no aeroporto de Lisboa, disponibilizando, assim, um leque mais alargado de viagens para outras capitais europeias, bem como a criação de “um segundo voo na rota doméstica entre o Porto e Lisboa”, um trajecto que a partir de 2 de Abril será apenas diário. Com estas medidas, a Ryanair tenciona apostar no segmento dos passageiros de negócios, mercado onde pretende voltar a entrar.

Aposta no serviço
Durante a apresentação em Londres, o CEO anunciou também um novo modelo de negócio que, apesar de continuar com o “centro de gravidade” nos preços mais baixos e nas melhores rotas, aposta agora numa “nova experiência de viagem” através da melhoria dos serviços prestados aos clientes. Segundo garantiu Michael O’Leary, aqueles que pretendam viajar com a companhia irlandesa podem contar, a partir de Abril, com um novo site mais “instintivo, rápido e simples” e com uma aplicação que permite escolher, comprar e fazer check in online através de smartphone.

No entanto, a “nova cara” da Ryanair já está à vista. A companhia permite, desde Fevereiro, que sejam transportadas a bordo uma mala de cabina e uma mala de mão, por pessoa. Também se tornou mais acessível seleccionar os lugares mediante um pagamento mais reduzido, entre cinco e dez euros, e os serviços de vendas a bordo, que chegavam a ser intrusivos, estão actualmente mais reduzidos. 
O PÚBLICO viajou a convite da Ryanair

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