A economia norte-americana esta a perder força na criação de postos de trabalho, o que pode querer dizer que a retoma ainda não está consolidada e que a Reserva Federal poderá ser obrigada a repensar o timing para começar a subir as taxas de juro, que estão perto do zero.

Esta quinta-feira, os números revelados pelo Departamento do Trabalho instalaram um suplemento de preocupação entre os agentes económicos e políticos. Em Março, nos Estados Unidos, foram criados 126 mil empregos, o que constitui o ganho mais modesto desde Dezembro de 2013.

O número contrasta com os quase 250 mil postos de trabalho criados em Fevereiro e sai complemente ao lado das previsões dos analistas contactados pela agência Reuters, que apontavam para um ganho mensal de 245 mil novas colocações. A taxa de desemprego manteve-se nos 5,5%,  mas a taxa de emprego efectivo não tem conseguido grandes avanços, porque há muitas pessoas que têm desistido de procurar trabalho e, por isso, deixam de constar das estatísticas oficiais.

O relatório do Departamento de Trabalho contém algumas boas notícias, nomeadamente o facto de o salário médio mensal por hora ter crescido cerca de sete cêntimos, o que aponta para uma melhoria de 2,1% face ao valor que era registado há um ano.

A manter-se este cenário no próximo mês, ele poderá influenciar a decisão política da Reserva Federal, que se prepara para aumentar as taxas de juro de referência, que estão “perto do zero” desde Dezembro de 2008, quando a crise do subprime ameaçava a economia norte-americana e o contágio a outros países era iminente.

Concluído o gigantesco plano de estímulos económicos que injectou dezenas de biliões de dólares na economia norte-americana, a Reserva Federal já sinalizou que o próximo passo é aumentar as taxas de referência da instituição, mas a manterem-se as nuvens sobre o mercado laboral pode não o fazer tão cedo quanto pretenderia.