Rioforte e venda da PT Portugal arrastam grupo para prejuízos

Efeitos não recorrentes levaram grupo PT Portugal a prejuízo de 2580 milhões de euros.

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O grupo PT Portugal registou prejuízos de 2580 milhões de euros em 2014 devido a efeitos imprevistos, como a compra e venda da PT Portugal e o investimento na Rioforte, mas destacou o desempenho operacional positivo.

Depois de divulgados os resultados no regulador do mercado, o presidente executivo da PT Portugal, Armando Almeida, destacou que, em termos operacionais, o grupo reforçou a liderança da quota de mercado de receita.

O administrador financeiro, Marco Schroeder, explicou que o resultado líquido de 2014 foi "afectado por determinados efeitos contabilísticos não recorrentes", relacionados com a operação de combinação de negócios entre a Oi e a PT e a venda pela Oi dos negócios em Portugal à Altice.

Entre os factores que contribuíram para o prejuízo do grupo, explicou Marco Schroeder, está a perda estimada de 867 milhões de euros, valor que resulta da diferença entre o que operadora brasileira Oi pagou pelo Grupo PT Portugal à PT SGPS e o que a Altice vai pagar pela PT Portugal.

A esta perda, junta-se outra de 517 milhões de euros relativos ao registo dos investimentos em títulos do Rioforte pelo seu valor estimado de realização no âmbito da permuta com acções da Oi, o que corresponde à desvalorização das acções entre Setembro e Dezembro do ano passado, e mais 950 milhões de euros relativos ao efeito cambial apurado na venda do investimento indirecto na Oi para a PT SGPS, ocorrida no primeiro semestre de 2014.

Além disto, existem ainda 69 milhões de euros de perda relativos à transferência da PT Participações para a PT Portugal.
Somados estes valores e acrescentando ainda 324 milhões de euros de custos financeiros associados maioritariamente ao serviço da dívida, o prejuízo do Grupo PT Portugal atingiu os 2580 milhões de euros. Sem estes efeitos recorrentes, adianta Marco Schroeder, o prejuízo teria rondado os 100 milhões de euros, incluindo já os custos associados à dívida.

Sobre o acordo de venda da PT Portugal à Altice, que inclui o pagamento de 500 milhões de euros relativos à geração futura de receitas da empresa, Marco Shroeder explicou que neste momento a Oi assume que não irá receber esse valor, mas diz no entanto que se no prazo de dois anos tal meta for atingida, então a Oi "acerta as contas". A contrabalançar os resultados financeiros negativos esteve o desempenho operacional positivo da PT Portugal em 2014, ano em que reforçou a liderança do MEO em termos de quota de mercado de receitas para 49,3%.

As receitas da PT Portugal atingiram os 2455 milhões de euros, mas ainda assim caíram 4,1% em termos homólogos, uma queda no entanto menos acentuada face à verificada no mercado em geral, que foi de 4,8%.

Já em termos consolidados (que inclui as operações do grupo fora de Portugal), as receitas aumentaram 3,4% para 2718 milhões de euros, assim como o EBITDA (lucros brutos) subiu 2,7%, para 1.053 milhões de euros, equivalente a uma margem de 38,7%. "Estamos muito satisfeitos com 2014 porque mesmo num ano atípico, conseguimos reforçar a liderança e continuamos a entregar serviço", frisou Armando Almeida.

No que diz respeito ao investimento, a PT Portugal investiu no ano passado 328,6 milhões de euros, correspondentes a 13,4% das suas receitas. Questionado sobre se sente restringido em decisões de investimento pelo facto de a PT Portugal estar em processo de compra pela Altice, Armando Almeida destacou que a empresa está bem em termos operacionais, mas admitiu que o processo pode ter impacto "em decisões de investimento de médio e longo prazo". O resultado operacional consolidado cresceu 21,9%, atingindo os 233 milhões de euros, face aos 191 milhões de euros em 2013.

Excluindo o efeito da aquisição dos negócios em África e Timor ocorrida em maio de 2014, o resultado operacional consolidado de 2014 teria sido de 201 milhões de euros, representando um crescimento de aproximadamente 5% face ao ano anterior. A empresa adianta ainda que os negócios de telecomunicações em Portugal continuaram a apresentar um crescimento da base de clientes e "o MEO afirmou-se como líder incontestado na convergência, banda larga e voz fixa", ficando de fora a televisão.

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