Ricciardi espera uma “solução estável de governação”

Banqueiro defende que é preciso dar continuidade “ao caminho positivo”.

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José Maria Ricciardi, presidente do Haitong Bank (ex-BESI) Miguel Manso

José Maria Ricciardi, o presidente do Haitong Bank (ex-BESI), está confiante no futuro e diz esperar que, depois dos portugueses terem votado, se” encontre o mais rapidamente possível uma solução para que tenhamos uma governabilidade nos próximos anos” que permita dar continuidade “ao caminho positivo” seguido pelo anterior executivo.

José Maria Ricciardi, o presidente do Haitong Bank (ex-BESI), está confiante no futuro e diz esperar que, depois dos portugueses terem votado, se” encontre o mais rapidamente possível uma solução para que tenhamos uma governabilidade nos próximos anos” que permita dar continuidade “ao caminho positivo” seguido pelo anterior executivo.

As declarações do banqueiro foram proferidas na tarde desta segunda-feira, à margem da assinatura do memorando de entendimento entre o Haitong Bank e a Euronext Lisbon. Uma iniciativa cujo objectivo é melhorar o acesso dos investidores chineses aos mercados e produtos Euronext e promover a sua entrada nos mercados de capitais europeus. Na cerimónia estiveram presentes, para além do presidente do conselho de administração do Haitong Bank, Hiroki Miyazato, o CFO, Patrick Poon, bem como toda a restante administração executiva liderada por Ricciardi (CEO).

Inquirido pela comunicação social se já felicitou o líder da coligação Portugal à Frente, vencedor das eleições legislativas, Ricciardi disse que sim e adiantou ter enviado a Passos Coelho“uma mensagem” a expressar a opinião: “Parece-me absolutamente fundamental que, agora que as eleições terminaram e que o povo português decidiu, que se encontre uma solução estável de governação” para os próximos anos.

O banqueiro sublinhou que o próximo executivo “deve continuar o caminho que foi feito até aqui mas agora [dado que o governo é minoritário]", numa via “modelada não só com a maioria, mas também com as outras linhas programáticas” com assento na Assembleia da República.

Haitong a crescer
Para Ricciardi o acordo assinado esta tarde entre o Haitong Bank e a Euronext Lisbon “é muito importante para o desenvolvimento do nosso mercado de capitais (um meio para as empresas se capitalizarem), pois vai trazer novos investidores, quer chineses, quer outros asiáticos, o que aumenta a possibilidade das nossas empresas se capitalizarem”, sem ser por recurso a financiamento bancário. E evidencia que "uma economia não se consegue desenvolver" exclusivamente "à base do crédito" bancário.

Explicou ainda que o memorando de entendimento visa “acelerar as operações de empresas e de investidores asiáticos na Euronext, tanto de Lisboa como das outras praças financeiras que integram a Euronext _ Bruxelas, Paris e Amesterdão.” E, portanto, nota que a parceria não só “vai trazer emitentes, como permitirá fazer operações em renminbi (moeda chinesa), como já faz a bolsa de Londres”. 

O banqueiro assegurou que o Haitong Bank vai “manter a sua sede em Lisboa” e que a sua expectativa é “preservar a liderança do sector [banca de investimento] em Portugal”. “Dentro do plano de internacionalização e de globalização” do grupo Haitong (pertencente à chinesa Haitong Securities), há uma intenção de "investir bastante em lugares como Londres ou Nova Iorque”, dois grandes centros financeiros mundiais. “Para que um banco se transforme num banco global, deve ter actividades importantes nessas praças”, referiu.

“Este é um projecto extraordinário [venda do BESI à Haitong Securities]”, defende Ricciardi, pois “continuando a ser um banco português, terá acesso a um conjunto de ferramentas e de meios que nunca teve” o que vai permitir “desenvolver o banco e trazer investidores para Portugal e para a Europa.” O banqueiro rematou: o Haitong “possui hoje o melhor rating da banca nacional”, algo que classifica como um trunfo “relevante”.

Confrontado pelos jornalistas com o possível interesse do Haitong no Novo Banco (ex-BES),  Ricciardi afirmou que essa não é uma possibilidade: “O Haitong é um banco de investimento e não investe em banca comercial.” Em todo o caso, notou que o banco que lidera poderá vir a dar assessoria a potenciais compradores que possam envolver-se na disputa do Novo Banco quando o Governo o voltar a colocar no mercado. Admitiu que no grupo possam aparece investidores chineses, nomeadamente, a Fosun e o Anbang, que entregaram ofertas firmes no concurso público interrompido em Setembro. Para Ricciardi se a nova operação de venda do Novo Banco for desenhada em moldes flexíveis, e já com as necessidades de capital do banco pré-fixadas pelo BCE - depois de concluídos os próximos testes de stress à banca europeia -, o Fundo de Resolução (o vendedor) terá hipóteses de atrair mais interessados para potenciar o encaixe financeiro.  

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