Ricciardi revela que Morais Pires foi a segunda escolha para liderar o BES

O presidente do BESI afirma que é por sua decisão que não vai integrar os órgãos sociais do BES, logo, não será por imposição do Banco de Portugal.

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José Maria Ricciardi, presidente do BESI Daniel Rocha

José Maria Ricciardi veio esta segunda-feira à tarde assegurar que foi convidado pela maioria do núcleo duro da família Espírito Santo, representado no conselho superior, para substituir Ricaro Salgado à frente do BES, mas que por não haver unanimidade decidiu recuar e dedicar-se ao BESI (dominado pelo BES). Ou seja: Morais Pires, o nome indicado para CEO, será do seu ponto de vista uma segunda escolha

Foi também por esse motivo, observou Ricciardi, que vai optar por não integrar os órgãos sociais do BES (onde o Grupo Espírito Santo tem 25% do capital).
 
As explicações dadas por Ricciardi põem em causa as informações de que terá sido o Banco de Portugal a impor a não inclusão de elementos do GES na estrutura de governação do segundo maior banco português. Uma decisão que visa proteger o banco das lutas internas entre primos (como a que ocorre entre Ricciardi e Ricardo Salgado) e de eventuais pressões accionistas. 

A “8 de Junho de 2014, conforme acordo celebrado e subscrito pela maioria dos ramos familiares representados no conselho superior [3 dos 5 ramos], fui convidado a assumir a liderança do sector financeiro do Grupo Espírito Santo”, declara o presidente do BESI no seu comunicado pessoal que acaba de divulgar.  “Perfilho o entendimento de que para fazer face aos desafios que o grupo enfrenta é indispensável, não só a coesão de todos os ramos familiares representados no conselho superior, como ainda a unanimidade do seu voto”, acrescentou.

Acrescenta que foi “nestas condições” que considerou poder contribuir "de forma mais incisiva para a estabilidade e valorização do grupo, concentrando toda a minha actividade no projecto de aumento de capital e consequente expansão do banco de investimento a que presido”. “Reconhecida que foi a minha idoneidade como gestor do banco, e tendo prevalecido um projecto alternativo para o qual não fui chamado a intervir”, conforme escreve, alega também “que não se justifica que continue a participar nos órgãos sociais das empresas do grupo”. Assim, vai dedicar-se em "exclusivo ao programa de futuro traçado pelo BESI, que já mereceu a adesão de princípio do Banco de Portugal”.

Recorde-se que, conforme foi já noticiado, o Banco de Portugal impôs que os órgãos sociais do Banco Espírito Santo, que domina o BESI, não voltem a incluir membros da família Espírito Santo.  Para além da nomeação de Morais Pires como presidente executivo do BES, lugar que se propõe ocupar até ao final do mandato a decorrer (Março de 2016), uma das propostas em cima mesa para ser votada pelos accionistas na assembleia-geral de 31 de Julho, é a criação de um Conselho Estratégico (consultivo) onde se sentarão os representantes do GES, um órgão estatutário que Ricciardi, pela leitura do comunicado, recusa integrar. 

De acordo com o comunicado de Ricciardi, o segundo emitido nos últimos dias, as “recentes interpretações veiculadas por comentadores que influenciam a opinião pública e transmitem uma versão desajustada da realidade dos factos, impõem que dê justificações complementares para a opção que tomei de prosseguir a minha carreira bancária, como líder do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI)”.

O banqueiro, que trava actualmente uma guerra aberta com o ainda presidente do grupo, Ricardo Salgado, salienta que “há mais de um ano” que vem “pugnando no quadro do conselho superior do grupo Espírito Santo pela modificação estrutural da governance, quer ao nível da colegialidade das decisões, quer em termos da sua composição”. Ricciardi defende, contudo, que o seu esforço “tem-se pautado por iniciativas sistemáticas, algumas delas do conhecimento público, que infelizmente não produziram os resultados propostos em tempo útil”.

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