Restrições ao crédito tiveram um papel fulcral na destruição de emprego

Encerramentos de empresas provocaram cerca de metade da perda de postos de trabalho em 2009.

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Nuno Ferreira Santos

A recessão que Portugal atravessa é diferente das anteriores, e uma das marcas que a distingue é o elevado desemprego. Segundo o estudo Catastrophic job destruction, divulgado pelo Banco de Portugal, uma das razões que explica a enorme destruição de empregos e a elevada taxa de desemprego é a “severidade da restrição de crédito” por parte dos bancos.

De acordo com a análise de Pedro Portugal, Anabela Carneiro e José Varejão, “a severidade da recessão excedeu a resiliência do mercado de trabalho”.

Os dados mostram que “as empresas que enfrentavam elevados custos financeiros saíram [do mercado] ou destruíram postos de trabalho a taxas mais elevadas do que aquelas que operavam com melhores condições financeiras”, principalmente em 2010 e 2011. “Verificou-se uma destruição de empregos sem precedentes”, dizem os autores, destacando que os encerramentos de empresas provocaram cerca de metade da perda de postos de trabalho em 2009.

Muitas PME já estavam fortemente endividadas e dependentes do financiamento da banca. Após a crise financeira de 2008, seguida da intervenção da troika em 2011, os bancos ficaram com pouca liquidez e mudaram a sua política de empréstimos, provocando o encerramento de muitas empresas.

Em quatro anos de recessão, realça o estudo, a taxa de desemprego em Portugal subiu dez pontos percentuais. Em Agosto era de 16,5%. Para estes investigadores os “desequilíbrios macroeconómicos” e a “rigidez salarial”, bem como a “segmentação laboral” (entre contratados e trabalhadores do quadro), são outros factores que explicam a actual situação.

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