Rendimento da agricultura deve cair 3,2% em 2014

As estimativas do INE reflectem a evolução do sector nos últimos anos: aumentou a produção, mas caíram os preços.

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Produção de azeitona para azeite vai cair mais de 5% este ano Gonçalo Português/Arquivo

O rendimento da agricultura deverá descer 3,2% este ano, em comparação com 2013, estima o Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou, nesta sexta-feira, as Contas Económicas para 2014. O discurso político tem colocado a tónica no sector, mas em termos reais a diminuição dos subsídios à produção, na ordem dos 5,2%, e do valor acrescentado bruto (VAB) em termos nominais determinaram as previsões do INE. Ao mesmo tempo, o volume de mão-de-obra agrícola deverá cair 3,1%.

Esta queda do rendimento é ainda o espelho de um outro fenómeno: os preços devem cair 4% este ano, ao mesmo tempo que o volume de produção cresce 0,9%. “A diminuição dos preços-base deveu-se essencialmente à baixa dos preços nos produtos (-0,4%), tendo os subsídios aos produtos registado uma redução de 11,1%”, escreve o INE.

No ano que teve, em Fevereiro, o mês mais húmido dos últimos 35 anos, esperam-se diminuições na produção de vegetais (-5,2%) e preços mais baixos, com destaque para a batata, que viu descer o seu valor em 43%, ao mesmo tempo que o volume de produção aumentou 15%. Os preços dos cereais, dos frutos e do vinho também caíram.

Na produção de azeite, o INE aponta para um aumento da produção em volume (3%), que ainda reflecte a campanha anterior. A mais recente apanha da azeitona não foi tão animadora, fruto de temperaturas altas que criaram condições para o aparecimento da mosca-da-azeitona e da doença da gafa. Assim, a produção de azeitona para azeite e de azeite deve cair 5,2%.

Na produção animal, as expectativas também são de aumento de produção em volume, (1,1%), mas de queda nos preços (1,5%), com excepção da carne de bovino, leite e ovos.

Este ano, o montante total de subsídios aos agricultores deverá cair 6,5%. No caso dos apoios aos produtos, a queda é de 11,1% e é explicada pela supressão progressiva desde 2005 das ajudas associadas que passaram a estar integradas no Regime de Pagamento Único, classificado como “Outros subsídios à produção”.

O INE faz ainda uma comparação internacional do VAB nacional com os Estados-membros da União Europeia entre os triénios 2000-2002 e 2011-2013, e conclui que há um “comportamento relativamente homogéneo”. Este indicador cai de uma forma generalizada em todos os países, com excepção da Lituânia. “Em Portugal, o decréscimo entre triénios (-38,6%) foi superior à média da UE 27 (25,9%), mas inferior ao de outros países mediterrânicos como Espanha (-40,5%) e Grécia (-47,7%)”, refere o instituto, que ressalva poderem existir dificuldades de comparação porque nem todos os países aplicaram o Sistema Europeu de Contas.

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