Dona do BESI suspensa em bolsa depois de investigação do regulador chinês

Utilização de informação privilegiada na mira das autoridades. Corretoras sob pressão de Pequim.

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A Haitong concluiu este ano a compra do BESI ao Novo Banco por 379 milhões de euros. REUTERS/Aly Song/Files

A turbulência na bolsa chinesa durante o Verão continua a agitar o panorama financeiro do país. Nesta semana foi revelado que várias corretoras do gigante asiático têm sido investigadas pelas autoridades, entre elas a Haitong, dona do Banco Espírito Santo Investimento (BESI).

A suspeita de crime de utilização de informação privilegiada levou à suspensão da negociação nas bolsas de Xangai e Hong Kong dos títulos do grupo chinês que adquiriu o BESI este ano. A Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China tornou a investigação pública no mesmo dia em que anunciou que a Guosen Securities, uma das maiores corretoras do país, também estava na mira das autoridades por alegada “violação das regras”.

Já na quinta-feira, a Associação de Valores da China já tinha anunciado que a Citic, a maior corretora estatal, está a ser investigada por “um erro contabilístico” de 156 mil milhões de euros que inclui uma sobrevalorização de alguns activos financeiros. Isto depois de, em Agosto, vários executivos da Citic terem sido detidos sob a acusação de abuso de informação privilegiada.

Ao final do dia, já depois do fecho da sessão, a Haitong emitiu um comunicado em que confirmava a investigação e os motivos da entidade reguladora. O grupo anunciou a “total colaboração” com as autoridades dando também conta de que os títulos iriam retomar, a partir de segunda-feira, a negociação em bolsa.

Depois de perdas históricas entre Junho e Agosto, com sessões em que os principais índices bolsistas chegaram a derrapar mais de 8%, Pequim lançou uma campanha para encontrar os responsáveis pela volatilidade nos mercados, com as principais corretoras nacionais a constituírem-se como um dos alvos.

Em causa estará a manipulação de preços, operações de venda a descoberto e informação privilegiada que terá estado na origem da volatilidade bolsista a que o país assiste desde Junho. O China Daily, diário chinês detido por Pequim, refere estas operações como tentativas governamentais de “pôr ordem no sector financeiro”.

Apesar da suspensão da negociação dos títulos da Haitong, a bolsa de Xangai, a principal praça financeira da China, perdeu 5,48%, no que a Bloomberg refere como a maior descida da bolsa chinesa desde as quedas abruptas do Verão.

Na mesma linha, Shenzhen, outra praça relevante, registou uma descida de 5,38%, numa sessão em que as corretoras foram as principais penalizadas, com algumas a cair 10%. Hong Kong terminou o dia com uma queda mais ligeira, 1,87%, mas apenas uma cotada fechou em terreno positivo.

Em Setembro a Haitong anunciou à CMVM a conclusão do processo de compra do BESI ao Novo Banco por 379 milhões de euros. O grupo com sede em Xangai manteve José Maria Ricciardi como CEO do banco de investimento.

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