Quase um terço das importações de veículos e acessórios vêm da Alemanha

O défice nesta categoria de produtos ascendia a 720 milhões de euros no primeiro semestre, segundo dados do INE.

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Os transportes chegaram a ter saldo positivo em 2012 Manuel Roberto

As importações de veículos, acessórios e materiais relacionados com transporte têm vindo a crescer desde 2013. A Alemanha é o principal fornecedor de Portugal e o peso das compras feitas a este país está a aumentar, estando já muito perto de um terço do total.

No primeiro semestre de 2015, as compras de veículos e outro material de transporte (uma das grandes categorias de produtos do Instituto Nacional de Estatística - INE) subiram 21% face ao mesmo período do ano passado, atingindo cerca de 4400 milhões de euros. O aumento fica muito acima dos 4% que foram a subida total das importações. Este foi "o grupo de produtos que mais contribuiu para o aumento global [das importações], o que resultou na sua ascensão, em 2014, a terceiro principal grupo de produtos importados em Portugal”, destacou o INE, num relatório divulgado nesta sexta-feira.

Estes aumentos são impulsionados pela recuperação que o mercado automóvel tem vindo a sentir nos últimos dois anos. Depois de ter afundado em 2012, este sector, que é fortemente importador, começou a registar a partir de meados de 2013 crescimentos anuais de dois dígitos em termos do número de unidades vendidas.

Até Setembro, tinham sido vendidos 15.534 automóveis em Portugal (incluindo veículos pesados). São mais 3500 unidades do que no ano passado, de acordo com números da Associação Automóvel de Portugal.

Os números do INE indicam que, dentro dos transportes, o valor das compras de automóveis de passageiros tiveram um crescimento de 39% no primeiro semestre. O INE aponta ainda que a subida se deveu “essencialmente às importações de veículos novos e, em termos do tipo de combustível, a veículos a diesel” (Portugal é o terceiro país da UE onde mais se vendem carros a gasóleo).

As empresas alemãs – cuja reputação do sector automóvel está a ficar manchada na sequência do escândalo da Volkswagen – reforçaram a posição no mercado português. No total das importações de veículos e material de transporte, as compras a feitas a este país subiram 26%. O peso da Alemanha alcançou assim 32%, mais 1,2 pontos percentuais face a 2014. As importações deste grupo de produtos à Espanha e a França registaram também subidas significativas, com aumentos anuais de 19% e 29%, respectivamente. 

Nos últimos quatro anos, desde o pedido de empréstimo internacional, as oscilações na compra deste tipo de bens tem sido superior à da globalidade das importações. Em 2011 e 2012, o valor das importações de veículos e outros materiais de transporte tiveram quebras acima de 20%. Depois disso, cresceram 6% em 2013 e dispararam 23% no ano seguinte. Nesses anos, o crescimento do total das importações ficou-se por subidas muito mais modestas, de 1% e 3%, respectivamente. 

Os números vêm acentuar o défice comercial neste género de produtos. Em 2012, com o auge da crise e a consequente contracção no consumo, Portugal conseguiu nesta rubrica um saldo positivo, que acabaria por evoluir, logo no ano seguinte, para um défice de 76 milhões de euros. Em 2014, o défice registou um drástico aumento, para 1002 milhões de euros. Nos primeiros seis meses deste ano, o peso das importações aumentou e o défice desta categoria atingiu em Julho 720 milhões de euros.

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