PT SGPS corta os últimos laços com o passado de operadora nacional

Empresa vai avançar com pedido de criação de comissão de credores da Rioforte.

Foto
João Mello Franco foi substituído por Luís Palha da Silva Nuno Ferreira Santos

Os accionistas da PT SGPS (entre eles o Novo Banco, a Ongoing e a Visabeira) estiveram esta tarde em assembleia geral (AG) para votar as contas anuais e eleger a nova gestão, que será presidida pelo ex-presidente da Jerónimo Martins e antigo vice-presidente da Galp, Luís Palha da Silva.

Nesta AG, a última que se realizou nas Picoas (a sede da PT Portugal, que a partir da próxima semana passará efectivamente para as mãos da francesa Altice), os accionistas da PT SGPS foram também chamados a votar a mudança de nome da sociedade para PHarol SGPS. Ao nome junta-se também a alteração da sede social, que passará para um edifício do Amoreiras Plaza, em Lisboa, e cortam-se definitivamente os vínculos àquele que foi o maior grupo de telecomunicações português.

Comissão de credores avança
Na sequência do encontro de accionistas, onde apenas esteve representado 37% do capital, Luís Palha da Silva tomou posse formal como presidente da empresa, onde apenas esteve representado 37% do capital. E, se as alterações ao modelo de governo e os novos órgãos sociais foram aprovadas pela esmagadora maioria dos votos na assembleia geral, houve um ponto que não foi votado no encontro, o referente à apreciação e fiscalização da sociedade, que António Menezes Cordeiro (a conduzir pela ultima vez uma AG da PT) não deixou votar por discordar da forma como estava redigido. O ponto tinha sido proposto pela RS holding (Ongoing).

À saída da reunião, o administrador em representação da RS Holding,  Rafael Mora, adiantou que a sociedade deverá apresentar na próxima semana no tribunal do Luxemburgo o pedido de criação de uma comissão de credores da Rioforte.

Prejuízos de 43 milhões no trimestre
Nos primeiros três meses de 2015, a PT SGPS sofreu um prejuízo de 43 milhões de euros, de acordo com a informação enviada pela sociedade esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).As contas da sociedade foram penalizadas pelos maus resultados da Oi, já que a posição accionista nesta empresa brasileira é o seu único activo operacional.

“O prejuízo líquido consolidado apurado no primeiro trimestre de 2015, no montante de 43 milhões de euros, reflecte essencialmente uma perda de 28 milhões de euros correspondente à participação efectiva da PT SGPS [22,8% até 30 de Março de 2015 e 27,5% actualmente] no prejuízo de 401 milhões de reais (124 milhões de euros) apurado pela Oi no primeiro trimestre de 2015”, refere a empresa.

A PT SGPS diz ainda que os custos operacionais consolidados fixaram-se em quatro milhões de euros, que comparam com os 4,8 milhões do primeiro trimestre do ano passado. Esta redução explica-se com menores custos com pessoal, “devido a menores remunerações variáveis” . Não só se alteraram os órgãos sociais da PT, como a actual gestão da holding cancelou uma série de pagamentos variáveis devidos a gestores como Henrique Granadeiro, Zeinal Bava e Luís Pacheco de Melo.

No entanto, as poupanças foram praticamente anuladas pelo aumento dos custos “com serviços de assessoria financeira e legal no âmbito da combinação de negócios entre a PT SGPS e a Oi e da OPA a que a PT SGPS esteve sujeita”, refere o comunicado.

No final de Março, o investimento da PT SGPS na Oi estava avaliado em 794,2 milhões de euros. Na rubrica “activos não correntes detidos para venda”, a PT SGPS regista ainda com o “justo valor estimado” de 86 milhões de euros a opção de compra de títulos da Oi (que lhe permitirá refazer a posição de capital na empresa brasileira para perto 38% se for recuperando dívida da Rioforte, mas que também pode ser vendida em mercado).

No capítulo “outros activos” estão os títulos da Rioforte referentes ao investimento ruinoso de quase 900 milhões, decidido pela anterior gestão da PT, que a Oi transferiu para a holding portuguesa no final de Março (como tinha ficado acordado em assembleia geral da PT no ano passado).

Estes títulos estão registados no balanço da PT SGPS por 135 milhões de euros, “correspondentes ao justo valor estimado dos instrumentos de dívida”, que têm um valor nominal de 897 milhões. Os capitais próprios da holding eram de 1806 milhões de euros no final do trimestre.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários