Protesto contra privatização da TAP junta centenas de pessoas em Lisboa

Manifestação no aeroporto de Lisboa contra a venda de 66% do capital da transportadora aérea.

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Governo vai começar a disponibilizar informação aos potenciais interessados na TAP Enric Vives-Rubio
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TAP teve prejuízos de 63 milhões de euros em Setembro Enric Vives-Rubio
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Esta é a segunda tentativa de privatização da TAP Enric Vives-Rubio

A oposição à privatização da TAP levou este sábado algumas centenas de pessoas ao aeroporto de Lisboa, numa iniciativa organizada pelo movimento “Não TAP os olhos”, liderado pelo cineasta António Pedro Vasconcelos. O protesto, que decorre debaixo da pala da entrada do aeroporto, junta na primeira fila trabalhadores da TAP e da Groundforce, com cartazes onde se podem levar frases como “I love TAP”, “TAP, orgulho nacional”, além de outras, de oposição à privatização da companhia.

Entre os manifestantes surgem também folhas a pedir a demissão do ministro da Economia, Pires de Lima, e do secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, os dois responsáveis do Governo pelo processo de privatização da TAP. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares, o advogado Garcia Pereira, são algumas das figuras presentes.

Esta manifestação surge nas vésperas de o Governo começar a disponibilizar oficialmente informação aos potenciais candidatos, o que deverá acontecer nas primeiras semanas de Fevereiro. Serão esses dados, nomeadamente os que dizem respeito ao retrato financeiro do grupo, e as visitas técnicas a realizar pelos investidores que servirão de base às propostas de compra que o executivo prevê receber entre Abril e Maio para cumprir o objectivo vender a TAP até ao final do primeiro semestre deste ano.

O modelo da privatização do grupo, que foi relançada em Novembro depois de a primeira tentativa ter fracassado em 2012 com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich, passa pela venda, numa primeira fase, de 66% do capital (61% a investidores privados e 5% aos trabalhadores). Mas o objectivo é que o Estado saia totalmente do capital num período máximo de dois anos. A operação abrangerá não apenas o negócio da aviação, que tem sido mais rentável mas foi fortemente penalizado pelos problemas sentidos no Verão, mas também todas as subsidiárias da TAP, incluindo a deficitária unidade de manutenção no Brasil.

Como o PÚBLICO noticiou na semana passada, as contas do grupo até Setembro mostram uma forte derrapagem nos prejuízos, que alcançaram 63,3 milhões de euros até essa altura. Um valor que significa uma derrapagem superior a 280% face ao que tinha sido orçamentado pelo conselho de administração liderado por Fernando Pinto e que representam um agravamento de 41,6 milhões em relação às perdas registadas um ano antes.

A situação financeira do grupo e o acordo a que o Governo chegou com nove sindicatos da TAP, que prevê a proibição de despedimentos colectivos enquanto o Estado for accionista e a vigência dos acordos de empresa por 36 meses para além do limite legal, têm sido encarados como obstáculos ao sucesso desta privatização, a que os partidos de oposição se opõem ferozmente. No rol de potenciais candidatos está um consórcio liderado pelo empresário português Miguel Pais do Amaral, Gérman Efromovich, a espanhola Air Europa e as brasileiras Azul e Gol.

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