Projecto de literacia financeira começa no Porto mas quer ganhar escala nacional

Apresentação pública do projecto “No Poupar está o ganho” da Fundação Cupertino de Miranda será feita dia 11 de Setembro e envolve mais de 120 escolas de todos os distritos. Ambição é tornar-se nacional

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Sistema financeiro está a ficar cada vez mais complexo Paulo Pimenta

A experiência da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda (FACM), com sede no Porto, nos esforços de promoção da literacia financeira é conhecida de muitas escolas (há já cinco anos consecutivos que trabalha com algumas dezenas escolas, e envolveu mais de 5000 alunos) e reconhecida pelos reguladores nacionais que se empenharam em criar o Plano Nacional de Formação Financeira – Banco de Portugal, Comissão de Mercados de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. No próximo dia 11 de Setembro estarão todos presentes na apresentação pública do programa “No Poupar é que está o Ganho”, que começa a adquirir uma escala metropolitana. “Mas o objectivo é trabalhar com todas as escolas, a nível nacional”, disse ao PÚBLICO a presidente da Fundação, Maria Amélia Cupertino de Miranda.

O défice de literacia financeira não é um exclusivo de Portugal – é um problema comum aos países mais desenvolvidos que têm em curso programas nacionais para a promoção da educação financeira que diferem na estratégia mas perseguem o mesmo objectivo. Se em países como o Reino Unido as intervenções para a promoção da literacia financeira surgem em momentos chave da vida das pessoas na tomada de decisões financeiras (como a entrada na universidade ou no mercado de trabalho, ou o nascimento de um filho), em Portugal o entendimento mais consensual é de que é nos bancos da escola – e quanto mais cedo melhor – que se plantam aquelas que poderão ser as sementes mais duradouras em termos de educação financeira.

É verdade que o sistema financeiro está cada vez mais complexo, e é verdade que há situações que acabam mais a pertencer ao foro criminal do que do foro contratual. “Mas”, acrescenta a presidente da Fundação Cupertino de Miranda, “se as pessoas se habituarem, desde novas, a interiorizar conceitos como a poupança, a planear gastos, a gerir orçamentos, saberão estar atentas e ir adaptando o seu conhecimento à medida que as coisas vão ficando mais complexas”. 

Apesar do Ministério da Educação e Ciência já ter introduzido a educação financeira nas áreas facultativas de enriquecimento curricular, e de já terem começado a ser dadas formações aos professores interessados em leccionar especificamente estas matérias, ainda existem dificuldades dos professores em abordarem este tema na escola – por falta de qualificações formais na área financeira, e também de materiais pedagógicos adequados. E é aqui que entra a FACM e o projecto “No Poupar é que está o Ganho”, que na sua sexta edição consecutiva vai trazer novidades de monta, sobretudo ao nível da dimensão e da abrangência da área territorial envolvida.

Pela primeira vez o programa vai contar com a participação de escolas de todos os 14 concelhos da área metropolitana do Porto, com cerca de 140 escolas) mas também ao nível da disponibilização contínua de conteúdos preparados de acordo com o Referencial de Educação Financeira, uma espécie de “Bíblia” em forma de dicionário, onde são descriminados todos os conceitos que é importante trabalhar e que é uma pedra basilar do Plano Nacional de Formação Financeira.

Segundo adiantou ao PÚBLICO Maria Amélia Cupertino de Miranda, este projecto vai fazer uma utilização intensiva das novas tecnologias de forma a chegar a mais turmas e mais professores, bem como a permitir a monitorização contínua do trabalho desenvolvido no contexto de sala de aula. “Este projecto fornece conteúdos credíveis, define objectivos, prioridades, conceitos e metodologia, disponibiliza recursos de aprendizagem, dá formação aos professores, monitoriza o trabalho e dispõe de métricas de avaliação adaptadas a cada ciclo de ensino”, explica a presidente da FACM.

Para além deste programa se direccionar a crianças e jovens, desde a idade pré-escolar até ao ensino secundário, a FACM tenciona trabalhar também com outros grupos de especial vulnerabilidade, adultos e seniores, na modalidade de oficinas de capacitação com periodicidade mensal.

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