Proença: "Só Governo saído de eleições terá legitimidade para negociar segundo resgate"

Congresso que marca saída de João Proença de secretário-geral da UGT arranca neste sábado.

No discurso de abertura Proença teceu duras críticas ao Governo
Fotogaleria
No discurso de abertura Proença teceu duras críticas ao Governo Rui Gaudêncio
Santos Pereira na abertura do congresso da UGT em Lisboa
Fotogaleria
Santos Pereira na abertura do congresso da UGT em Lisboa Rui Gaudêncio
Fotogaleria
João Pronça depois do discurso de despedida Rui Gaudêncio

João Proença, no discurso de abertura do Congresso da UGT (União Geral dos Trabalhadores) que marca a sua saída de secretário-geral, afirmou que um segundo programa de ajustamento a Portugal é “totalmente inaceitável”, defendendo que, a acontecer, “só um Governo saído de eleições estará legitimado para negociar tal memorando”.

“É totalmente inaceitável que se fale agora num segundo programa de ajustamento, que prolongaria a ultra-austeridade. E daqui queremos deixar bem claro que só um Governo saído de eleições estará legitimado para negociar tal memorando”, afirmou, em Lisboa.

O líder sindical reconhece que tanto a ajuda financeira externa como o memorando de entendimento com a troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) “condicionam as políticas” e que “há que prosseguir com o esforço de ajustamento” para que o país consiga regressar aos mercados.

Para o líder cessante da UGT, a redução do défice tem de ser feita através de uma melhor gestão da administração pública, da redução dos custos das Parcerias Público-Privadas (PPP), do combate à fraude, à fuga fiscal e à economia paralela e também por via da criação de impostos sobre as operações financeiras especulativas e sobre a riqueza.

No mesmo discurso, Proença criticou a atitude do Governo na concertação social e apelou a que as estruturais patronais “clarifiquem a sua posição” na mesa de negociações e no diálogo social tripartido. “É tempo de as associações empresariais e de as empresas clarificarem a sua posição. Querem apropriar-se de todos os ganhos de produtividade ou assumem a necessidade de uma justa repartição da riqueza criada? Querem a concorrência desleal por via da ausência de negociação colectiva ou defendem esta negociação como um compromisso bipartido que beneficie mutuamente trabalhadores e empregadores?”, interrogou.

Para o dirigente sindical “é urgente e indispensável a discussão política de rendimentos, tendo por base os aumentos de produtividade e competitividade e os impactos sobre o crescimento económico e o emprego”. João Proença deixou ainda acusações ao executivo de Passos Coelho, afirmando que “não é apresentada, em concertação social, há longos meses uma única proposta para discussão que seja, de facto, uma proposta do Governo”.

A UGT inicia neste sábado, em Lisboa, o seu XII congresso, que será marcado pela saída do secretário-geral João Proença, depois de 18 anos de liderança, e do presidente João de Deus, que cumpriu um mandato de quatro anos. João Proença é o segundo secretário-geral da UGT e vai ser substituído pelo socialista Carlos Silva, que é presidente do Sindicato dos Bancários do Centro.

Por seu lado, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, elogiou, à entrada para o congresso o secretário-geral cessante da central sindical, João Proença, reconhecendo o seu “papel fundamental” no diálogo social.

Sublinhando que “o diálogo social é um activo importante do país”, o ministro da Economia disse que a UGT “tem sido claramente fundamental para manter a coesão social do país”.

“É importante enaltecer o seu papel fundamental nos últimos anos. O João Proença é um verdadeiro patriota, que tem promovido diálogo social, que mostra que é com o diálogo social que nós ganhamos credibilidade”, disse ainda Santos Pereira, sem, no entanto, responder às questões dos jornalistas sobre o aviso da UGT de denunciar o acordo tripartido se o Governo não cumprisse o compromisso de promover o crescimento e o emprego.
 

Sugerir correcção
Comentar